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Anta quer ser 'Capital do Violino' em homenagem a fabricantes Capela

A freguesia de Anta, no concelho de Espinho, quer afirmar-se como 'Capital do Vilolino' para promover o "património histórico e cultural único" que resulta de aí serem produzidos instrumentos de arco da família Capela, premiados internacionalmente.

Anta quer ser 'Capital do Violino' em homenagem a fabricantes Capela
Notícias ao Minuto

12:14 - 04/11/16 por Lusa

Cultura Espinho

O processo de registo da marca já está em curso e tem por base a experiência que diferentes gerações da família Capela vêm acumulando desde 1924 como fabricantes de violinos (ou "luthiers"). Diferentes prémios internacionais confirmam a superior qualidade dos seus instrumentos, pelo que se incluem hoje entre os melhores do mundo e, no caso específico dos violinos, são muitas vezes comparados aos Stradivarius originais.

"O conceito 'Anta - Capital do Violino' tem como objetivo promover a vila a nível nacional e internacional, destacando este património histórico e cultural único", explica Nuno Almeida, presidente da Junta de Anta e Guetim. "Está assente em três grandes vertentes que se conjugam num projeto e plano de atividades a desenvolver ao longo do ano na freguesia e em vários pontos do país", realça.

Concertos, exposições, debates, 'workshops', aulas e masterclasses são algumas das iniciativas previstas para dar a conhecer "a longa e estreita relação entre a vila de Anta e a construção e reparação de violinos pela família de 'luthiers' Capela", sempre com o envolvimento de "vários especialistas da área, capazes de oferecer uma visão abrangente em torno desta temática".

Já anunciada está a conferência "Artífices dos Violinos", em que se procurará "fazer a resenha da história do violino, dos seus 'luthiers' e da tradição da família Capela"; a mesa-redonda sobre "Didática e Métodos de Ensino do Violino", dirigida essencialmente a professores e formadores; e o 'workshop' sobre a construção de violinos, "demonstrando todo o processo utilizado pelos 'luthiers' Capela".

As masterclasses, por sua vez, serão dirigidas por "violinistas-pedagogos de referência nacional e internacional", pelo que se destinam a violinistas de nível médio e superior, e as exposições de fotografia e de instrumentos terão caráter itinerante, para "divulgar e promover, pelo país e pelo mundo, o trabalho da família Capela".

Nuno Almeida realça que um dos principais objetivos do projeto é cativar novos praticantes de violino, daí as ações a realizar nas escolas e bairros do concelho, mas admite também que outra finalidade é "conseguir captar investimento para a freguesia", particularmente no domínio do turismo.

"Desafiaremos empresários a construir o Hotel do Violino, divulgaremos a nossa freguesia em feiras de turismo nacionais e internacionais, e procuraremos impulsionar a criação de um centro cívico que possa ser também um auditório ao ar livre para a realização de espetáculos e eventos", revela o autarca.

A história da marca de violinos de Anta teve início quando, em 1924, o jovem marceneiro Domingos Capela foi encarregue de consertar o violino do músico italiano Nicolino Milano, que vivia sobre a sua oficina e atuava num dos casinos de Espinho. O italiano apreciou-lhe a perfeição demonstrada no trabalho, entregou-lhe mais sete instrumentos para reparar e, aos 20 anos de idade, Domingos Capela construía o seu primeiro violino.

Quando Milano voltou a Espinho e constatou a evolução operada no trabalho de Capela, propôs-lhe um emprego em Londres, mas o jovem recusou-o por razões familiares. Pouco depois viria a conhecer, contudo, a violoncelista Guilhermina Suggia, que o convidou a trabalhar no Conservatório do Porto, incentivando assim aquela que se tornaria uma carreira ininterrupta no fabrico de violinos, violas de arco e guitarras.

António Capela, filho de Domingos, seguiu o ofício do pai, aperfeiçoando-o com estudos em França e em Itália, e com bolsas da Fundação Calouste Gulbenkian. Assim elevou a qualidade do trabalho desenvolvido em Anta para padrões reconhecidos internacionalmente e já diversas vezes premiados. É fundador e vice-presidente da Associação Europeia de Construtores de Violinos e Arcos, e em 1991 foi condecorado com a Medalha de Mérito Cultural pela Presidência do Conselho de Ministros.

Representando a terceira geração da família, Joaquim Capela é o seu 'luthier' mais jovem. Construiu o primeiro violino aos 13 anos e também já ganhou vários prémios em Itália, Polónia, Alemanha, Bulgária e Japão.

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