Meteorologia

  • 28 ABRIL 2024
Tempo
16º
MIN 9º MÁX 17º

'Batedeira' é "uma metáfora simples para começar uma conversa longa"

Os Bateu Matou lançam, a 22 de março, o seu novo disco, chamado 'Batedeira'.

'Batedeira' é "uma metáfora simples para começar uma conversa longa"
Notícias ao Minuto

10:25 - 21/03/24 por José Miguel Pires

Cultura Bateu Matou

O mundo ficará a conhecer, na sexta-feira, 'Batedeira', o mais recente trabalho de estúdio dos Bateu Matou, com 11 temas que serão apresentados oficialmente na Casa da Música, ao vivo, a 26 de abril.

'Batedeira' é "uma metáfora simples para começar uma conversa longa" e uma forma de "declarar" que os Bateu Matou são "uma banda onde o 'beat' é que manda", disseram Quim Albergaria, Ivo Costa e Riot ao Notícias ao Minuto, em entrevista sobre o novo trabalho de estúdio.

"É uma imagem que transmite a forma como olhamos para a nossa cultura, onde muitas culturas convergem para criar uma identidade plural", defendeu a banda, para quem "não há uma Lisboa, há muitas Lisboas".

"Portugal é feito da forma como transforma o que recebe. Nada na nossa história é estanque no que diz respeito à identidade. Por isso é que a nossa música tem tantas claves e ritmos diferentes. E isso interessa-nos muito", continuaram, considerando que este é o disco onde decidiram "inverter a polaridade da forma e razão" pela qual fazem música.

Em resumo, os Bateu Matou dividem em três "preceitos simples" a "forma de fazer música" que é 'Batedeira': "Tem de nos entusiasmar e fazer felizes aos três. Tem de soar a Bateu Matou. Tem de ser rítmico e fazer dançar. Se não for acendalha de baile, não vale. Tem de ser tolerante, saber receber e encontrar lugar para a diferença. Aqui, ou dançam todos, ou não dança nenhum".

Foi lançado, recentemente, o single 'Cada x + perto', que inclui participações de artistas como Rão Kyao, Raissa e Rubi Machado. Trata-se de uma homenagem às comunidades luso-goesas, onde se incluem Rui Pité e Ivo Costa, que têm ainda raízes em Moçambique.

"A experiência de nascerem e crescerem em Portugal no seio da comunidade luso-goesa é única, mas nem por isso muito visível para a maioria dos portugueses. Quando começámos a entreter a ideia de mexer no clássico 'Bombaião' do Rão Kyao para fazer algo de novo foi bastante natural trazer para este tema a conversa do que é ser goês em Portugal", disse o grupo.

Rão Kyao, defenderam, "foi alguém que em linha com Zeca Afonso, Júlio Pereira, Fausto ou José Mário Branco criaram um discurso musical na intersecção das culturas que convivem em Portugal". E o Bombaião "quando mistura Índia, Brasil e Portugal deu chão e som à diáspora goesa".

"Por isso, pedimos a bênção e a flauta ao Rão e quisemos também dar lugar de fala ao dialeto de Goa, o konkani - e entra a Rubi Machado. O resultado é uma celebração de legado e família. Isto é muito importante para nós, este sentimento de raíz, porque só a partir daí é que se consegue ir à procura do novo sem perder noção do que somos. E por isso, estamos cada vez mais perto", referiram.

[Os Buraka Som Sistema foram] uma entidade que sintetizou de uma forma enorme a identidade múltipla do que é ser português. É um conjunto de artistas que acelerou a nossa cultura na sua forma plural como poucos artistas o fizeram neste século

Bateu Matou são tidos frequentemente como 'herdeiros' dos Buraka Som Sistema, de onde provêm dois dos seus atuais membros. Foi, dizem os mesmos, "uma banda e um som único".

"Uma entidade que sintetizou de uma forma enorme a identidade múltipla do que é ser português. É um conjunto de artistas que acelerou a nossa cultura na sua forma plural como poucos artistas o fizeram neste século. Merecem respeito, medalhas e nomes de rua", continuaram os Bateu Matou, afirmando serem "absolutamente herdeiros da sua missão, que é, "de Lisboa para o mundo", fazer música que "só podia ser daqui e que faz dançar em qualquer lado".

"Depois, ajuda muito ter um dos fundadores dessa matriz no estúdio, na carrinha e no palco connosco. Rui Pité aka RIOT é um grande responsável pelo som e energia BSS. Por isso é um legado e uma experiência que muito nos honra e ensina", disseram.

Olhando para o passado, os Bateu Matou refletem que no 'Chegou', o desejo era mostrarem-se como produtores, criando em canção "a melhor forma" de receber os seus convidados para cantar.

Trouxemos muito palco para o estúdio. As pessoas que já nos viram ao vivo vão sentir em 'Batedeira' a mesma intensidade

Já neste segundo disco, a ideia foi "deixar claro" ao que soam os Bateu Matou. "Por isso, o primeiro público fomos nós os três. Enquanto fomos compondo e produzindo a primeira e última pergunta que fazíamos era: 'Isto faz-nos felizes?'", revelaram.

É neste âmbito que o novo disco foi desenvolvido para falar sobre "alegria e excitação", sobre "energia, sobre baile, comunhão". "Trouxemos muito palco para o estúdio. As pessoas que já nos viram ao vivo vão sentir em 'Batedeira' a mesma intensidade", asseguraram.

Em jeito de balanço dos últimos sete anos, os Bateu Matou admitem que têm evoluído para um "sentido cada vez mais claro" sobre quem são.

Sobrancelhas levantadas é sempre bom - quer dizer que nos estão a prestar atenção

"Enquanto vamos à procura da melhor forma de pôr em música de dança a identidade que nos une às pessoas que nos ouvem, vai ficando cada vez mais claro quem somos enquanto banda. Isso só faz a nossa música mais confiante, enérgica e fundamentalmente para toda a gente", atiraram, respondendo com ironia a eventuais estranhezas que o facto de serem uma banda com três bateristas possa causar.

"Sobrancelhas levantadas é sempre bom - quer dizer que nos estão a prestar atenção. E uma coisa que vamos também aprendendo sobre as pessoas que gostam de música e concertos em Portugal é que sabem o que querem, estão prontas para algum desafio e gostam de ser surpreendidas. E nesse sentido somos a banda ideal para manter essa sobrancelha levantada", concluíram.

Leia Também: MARO atua no Porto, Braga e Lisboa no âmbito de digressão ibérica

Recomendados para si

;
Campo obrigatório