Mulheres com problemas mentais juntam-se no teatro para pensarem situação
Trinta mulheres com perturbações mentais, da depressão a doença bipolar, compõem a iniciativa SenteMente, um projeto cultural a decorrer em Sintra destinado a introduzir o teatro como estratégia de reflexão sobre a saúde mental.
© Pixabay
Cultura Saúde mental
Uma refugiada da Síria, imigrantes, residentes no bairro social do Casal de S. José, mulheres em situação de monoparentalidade e habitantes da Tapada das Mercês compõem o grupo de mulheres, cujas idades vão dos 18 aos 80 anos, disse à agência Lusa uma das organizadoras do projeto, Susana C. Gaspar.
Sensibilizar as pessoas para a problemática da saúde mental, para o tabu que se mantém à volta desde tema e para a exclusão de que continuam a ser vítimas os doentes do foro mental são objetivos do projeto, que culminará em maio de 2022, com a representação de uma peça em que as atrizes são aquelas mulheres, acrescentou Susana C. Gaspar.
Além de Susana C. Gaspar e da atriz e encenadora Paula Pedregal, da companhia de teatro Chão de Oliva, a iniciativa mobiliza ainda a música Inês Silva.
Financiado e apoiado no âmbito da iniciativa Partis - Práticas Artísticas para a Inclusão Social & Art For Change da Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação La Caixa, o projeto tem ainda como parceiros a Fundação Aga Khan, a associação Jangada d' Emoções, a Câmara Municipal de Sintra, entre outros.
A partir de reuniões semanais com as organizadoras e as mulheres participantes, que contam ainda com o apoio de uma psicóloga clínica, o objetivo é pôr em cena um espetáculo em que as mulheres sejam as atrizes e partilhem as suas experiências ao longo dos problemas do foro mental por que passaram, disse Susana C. Gaspar à Lusa.
O objetivo é construir um espetáculo, a apresentar em maio, em princípio no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra.
No grupo de 30 mulheres, segundo a organizadora, há quem não se confronte com problemas do foro mental.
"Há casos de filhas de mães com problemas do foro mental e então é importante que integrem também o projeto, dado saberem o que é lidar de perto com a experiência", frisou.
O teatro acaba, assim, por se afirmar "como uma ferramenta valiosa" não apenas no sentido de "melhorar a autoestima, ganhar confiança, perder a timidez", mas também como um processo de criatividade e de desenvolvimento pessoal para estas mulheres, observou.
O ponto de partida para a construção da peça de teatro são os preconceitos de que estas mulheres foram alvo, disse Susana C. Gaspar à Lusa, acrescentando que a intenção é "criar um espetáculo poético, autobiográfico a partir da vivência da casa de uma delas, e que acabe por criar ressonância com quem está na plateia".
"Há que perceber que as doenças mentais são doenças como outras quaisquer; resultam de processos químicos, pelo que devem ser encaradas como qualquer doença", concluiu.
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