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Os retratos de Abdel Queta Tavares em exposição a partir de amanhã

O fotógrafo guineense Abdel Queta Tavares inaugura, na sexta-feira, a sua primeira exposição a solo, na galeria Underdogs, em Lisboa, composta unicamente de retratos, a maioria de estranhos que abordou nas ruas de Londres e de Lisboa.

Os retratos de Abdel Queta Tavares em exposição a partir de amanhã
Notícias ao Minuto

09:35 - 28/02/19 por Lusa

Cultura Lisboa

Um autodidata no que à fotografia diz respeito, Abdel Queta Tavares, de 27 anos, atualmente a viver em Londres, retrata-se nas fotografias através de outras pessoas. "Para essas pessoas serem como eu, entre aspas, na fotografia, resolvo dar-lhes roupas minhas para vestirem. Por isso é que muitas pessoas quando veem as fotografias reconhecem logo - 'esse é o Abdel' -- até sem o chapéu vermelho, reconhecem pelo 'styling' e pelas cores também", referiu, em declarações à Lusa, a propósito da inauguração da mostra "Nha Fala".

O chapéu vermelho, que começou a usar há cerca de oito anos, quando ainda vivia em Lisboa, acabou por tornar-se uma imagem de marca do jovem que despertou para a fotografia em 2010, quando comprou "uma máquina pequenina", e fazia autorretratos que editava e partilhava nas redes sociais.

"As pessoas gostavam e comentavam, perguntavam que câmara usava e quem me tinha tirado as fotos", recordou, explicando que nessa altura começou "a ter mais paixão pela arte, pela moda, pela fotografia".

Os comentários das redes sociais serviram de impulso para começar a fotografar pessoas que o inspiram, para "dar voz a essas pessoas".

"A maioria das pessoas que eu fotografo são pessoas que eu não conheço, cruzámo-nos na rua", contou, partilhando que, quando as aborda, porque sentiu "um clique", "acham estranho".

O processo é fácil e rápido - Abdel vê uma pessoa, fala com ela e depois marca a sessão fotográfica.

Os retratos que estão expostos na Underdogs foram feitos "entre Londres e Lisboa", mas como "têm muitas cores, parece que foram tiradas num sítio com clima tropical". "A forma como as pessoas se vestem, não parecem da Europa", considerou, confidenciando que faz o que lhe vai "na cabeça", o que lhe "sai da alma".

'Nha Fala', expressão em crioulo que dá nome à exposição, significa em português 'minha voz', e é isso que mostram os retratos, a voz de Abdel Queta Tavares, que sempre "teve o sonho de poder fazer uma exposição um dia", para poder mostrar o seu trabalho.

Conseguir concretizar esse sonho "é muito bom, porque não é fácil ser artista", disse, visivelmente emocionado, lembrando que quando começou, ainda em Lisboa, "foi um bocado difícil".

"As pessoas às vezes não aceitam as coisas como foram pensadas. Tudo o que um artista faz tem um significado. Estou muito contente e muito orgulhoso de mim mesmo", referiu o fotógrafo, que há três anos rumou a Londres, onde entrou "com o pé direito".

A galeria Underdogs, no n.º 56 da Rua Fernando Palha, é uma das faces da plataforma cultural Underdogs, fundada em 2010, e que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, exposições dentro de portas e a produção de edições artísticas originais.

À primeira vista, pode parecer que "Nha Fala" não se enquadra no tipo de exposições que a galeria costuma acolher, mas o diretor da galeria, Raul Carvalho, explica que não é bem assim.

Admitindo que a fotografia é uma técnica que a galeria não costuma "explorar muito", embora já tenha acolhido uma mostra coletiva em 2013, Raul Carvalho destaca que "é interessante esta questão de explorar um novo media".

Além disso, o responsável considera que o trabalho de Abdel Queta Tavares "se enquadra" na galeria, "porque vai no sentido do que é a plataforma Underdogs". "Nós trabalhamos com artistas de inspiração urbana e o trabalho do Abdel é verdadeiramente isso", referiu.

"Nha Fala", de entrada gratuita, estará patente até 30 de março.

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