Inteligência artificial em foco na exposição de Miguel Soares
A inteligência artificial estará em foco na nova exposição do artista Miguel Soares, um dos pioneiros dos novos media em Portugal, que estará patente no Museu do Chiado (MNAC-MC), a partir de 23 de novembro, anunciou hoje esta entidade.
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Cultura Museu
Sob o título 'LUZAZUL', a exposição tem curadoria de Adelaide Ginga, e estará patente até 24 fevereiro de 2019, no espaço do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, com entrada pela rua Capelo.
A mostra é apresentada no âmbito da terceira edição do projeto bienal Sonae/MNAC Art Cycles, criado para estimular novas tendências e aproximar a sociedade à arte, "permitindo a um artista em residência conceber e desenvolver um projeto original numa área plástica desafiadora, propondo o diálogo entre a arte e as novas tecnologias".
Nesta exposição "somos transportados para um futuro próximo em que a paisagem urbana parece já não depender de humanos, mas de uma inteligência superior". "Contudo, nesse momento, novos problemas éticos se colocam", aponta um comunicado sobre o trabalho do artista.
Em abril de 2018, cerca de 150 especialistas em Inteligência Artificial, robótica, comércio, leis e ética de 14 países, assinaram uma carta aberta, denunciando a proposta do Parlamento Europeu em conceder personalidade jurídica a máquinas dotadas de Inteligência Artificial, recorda.
A exposição 'LUZAZUL' propõe refletir sobre esta realidade hipotética em que as novas máquinas tomam consciência de si, e procuram reivindicar através de 'graffitis', desenhos ou palavras de ordem, mais tempo livre, mais liberdade e direitos, criando um paralelismo com as lutas desenvolvidas pelos humanos em séculos anteriores, e questionando se esta luz azul será a "luz ao fundo do túnel".
'LUZAZUL (Luz Azul)' é uma expressão palindrómica, ou seja, pode ser lida igualmente em ambos os sentidos, referente a um tipo de luz que apareceu recentemente, sobretudo com a introdução da televisão e das tecnologias informáticas, como écrãs, projetores de vídeo, LEDs, smartphones e faróis de automóveis.
Por ser recente a sua interação com o ser humano, muito se tem escrito sobre os eventuais benefícios e/ou perigos da exposição prolongada a esse tipo de luz.
Partindo deste mote, a exposição "projeta-nos num futuro mais ou menos próximo, apoiando-se na teoria de dois pensadores, afastados entre si por quase 800 anos: Joaquim de Fiore (1135-1202), com a sua teoria de 'As Três Idades do Homem', e Ray Kurzweil (1948) com a sua teoria da 'Singularidade Tecnológica'.
Joaquim de Fiore apresentou uma conceção da Santíssima Trindade, que corresponderia a três épocas da História, sendo que a última, a Idade do Espírito Santo, se constituiria como a total libertação do homem e uma nova ordem espiritual em que a Igreja seria "quase desnecessária", contextualiza o comunicado sobre a exposição.
Essa teoria, então declarada herética, manteve, contudo, vários seguidores, sendo exemplo desse fenómeno o seu culto atual nos Açores e em algumas cidades dos Estados Unidos da América.
Ray Kurzweil, por outro lado, sugere que o rápido avanço da inteligência artificial poderá dar origem a uma evolução exponencial das máquinas e da automação, que transformará o mundo de uma forma tão rápida e avançada que escapará à compreensão humana, permitindo, todavia, a sua libertação de obrigações.
Para este autor, o ano de 2045 será o momento-chave dessas transformações.
"No cruzamento destas duas teorias, antecipamos a criação de uma espécie de 'Máquina do Mundo', também descrita por Luís de Camões no final de 'Os Lusíadas', ou de um mundo automático onde o ser humano encontra as suas necessidades de serviços básicos satisfeitas por máquinas ou robots dotados de inteligência artificial, sentindo-se livre para se dedicar às suas genuínas vocações", acrescenta.
Além da exposição, o museu irá apresentar um programa de atividades paralelas no âmbito deste ciclo.
Miguel Soares nasceu em 1970, em Braga, e vive e trabalha em Lisboa.
É licenciado em Design de Equipamento, pela Faculdade de Belas Artes, Lisboa (1989-1995). Fez formação em fotografia no Ar.Co, Centro de Arte e Comunicação Visual, Lisboa (1989-1990), e formação em desenho, com Manuel San Payo, Galeria Monumental, Lisboa (1989-1990). É doutorando em Arte Contemporânea pelo Colégio das Artes da Universidade de Coimbra (2010-presente).
Profissionalmente, além da docência, atividade que exerce desde 2006, na Universidade do Algarve, entre outras, tem mantido uma regular carreira artística, expondo coletivamente desde 1989 e, individualmente, desde 1991, em Portugal e no estrangeiro.
Foi vencedor do prémio BES Photo 2007, e a sua obra está representada em várias coleções públicas e privadas em Portugal e no estrangeiro.
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