'Our Madness' e 'A Batalha de Tabatô' exibidos na Cinemateca de Berlim
As longas-metragens 'Our Madness' e 'A Batalha de Tabatô', de João Viana, vão ser exibidas este mês na Cinemateca de Berlim, cidade onde o realizador português está a escrever o seu próximo filme, anunciou o ICA.
© iStock
Cultura João Viana
De acordo com o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), num comunicado divulgado no seu 'site', 'Our Madness' e 'A Batalha de Tabatô' são exibidos a 28 de agosto, no Auditório do Arsenal, sob o título 'João Viana Bolseiro DAAD 2018 - Cinema Pós-Colonial'.
O realizador português está em Berlim "a convite do DAAD (The Artists-in-Berlin Program), com uma bolsa de 16.300 euros para escrever o seu próximo filme: 'KWANZA'".
'Our Madness' pretende discutir a realidade atual de Moçambique - onde foi rodado - e conta a história de um menor que retira a mãe de um hospital psiquiátrico, em Maputo, para a levar ao encontro do pai, que está numa zona de confrontos militares, devido à crise política no país.
João Viana, nascido em Angola, estreou o filme em fevereiro no Festival de Cinema de Berlim. Em maio, 'Our Madness' venceu o Prémio de Melhor Longa-metragem Portuguesa do festival IndieLisboa.
'A Batalha de Tabatô' valeu a João Viana uma menção honrosa no Festival de Cinema de Berlim em 2013.
João Viana viajou para Tabatô, uma aldeia de músicos mandingas na Guiné-Bissau, e veio de lá com dois filmes: a longa-metragem 'A Batalha de Tabatô' e a curta 'Tabatô'.
Em entrevista à Lusa, em 2013, o realizador contou que, a princípio, a aldeia de Tabatô não o surpreendeu - "as tabancas pareciam todas iguais" e "não via a riqueza" da floresta.
Foi "preciso peneirar a realidade" e "limpar o olhar ocidental", confessou, classificando o resultado como "um filme de descolonização mental".
"Da mesma maneira que nós temos um olhar viciado para com eles -- olhamos sempre de cima do cavalo, estamos com o olhar sujo, eles também nos olham de baixo para cima", comparou. O "nivelamento" de olhares "demorou alguns anos", mas funcionou e João Viana espera que os espetadores também saiam do filme - falado em mandinga, uma das línguas étnicas da Guiné - "com o olhar limpo".
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