'Tio João' a partir de Tchékhov estreia-se dia 20 no teatro Ibérico
Disfunções familiares, questões de género e preocupações com o ambiente são alguns dos temas abordados na peça "Tio João", sobre "Tio Vânia", que o Teatro Ibérico estreia, dia 20, em Lisboa, disse o diretor e encenador à agência Lusa.
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Cultura Lisboa
Baseada no clássico do médico e dramaturgo Anton Tchekhov (1860-1904), 'Tio João' traz para a "contemporaneidade alguns dos temas abordados" na peça do escritor russo, estando, contudo, a ser adaptada no dia a dia, já que é um trabalho no âmbito de "Filhos de Nenhures", o dispositivo de criação experimental da Companhia João Garcia Miguel (Cia. JGM) com alunos de formação avançada em teatro (cursos superiores ou equiparados), como acrescentou o encenador.
Apoiar os jovens atores que saem das escolas superiores sem uma saída profissional para os cursos, é o objetivo de "Filhos de Nenhures", a decorre naquele teatro com sede em Xabregas.
'Tio João' é interpretado pelos jovens com licenciatura ou mestrado em teatro ou artes cénicas, que se encontram a frequentar os cursos de formação avançada em teatro dos "Filhos de nenhures", disse João Garcia Miguel.
O diretor do projeto escolheu o texto clássico de Tchékhov como base de trabalho, pois trata-se de uma obra que se "mantém atual nos problemas que aborda, apesar de ter sido escrita há mais de cem anos" referiu.
Citou, a propósito, questões de género, problemas ambientais, conflitos familiares e de gerações, ainda que as personagens de "Tio João" sejam transpostas para a atualidade e sejam mais jovens que a obra que serviu de base à peça.
"A destruição da floresta, das relações humanas, dos oceanos, do ambiente familiar, e as grandes transformações na sociedade atual" são, segundo João Garcia Miguel, algumas das questões que estão na base do trama de "Tio João".
"Entre o que é prometido aos jovens de hoje e o que o mundo real lhes proporciona, há um abismo descomunal, e é precisamente sobre esse abismo que trabalhamos nesta peça", sublinhou.
"Muitos dos jovens que frequentam a formação avançada têm trabalhos do mais variados -- desde bares a 'call centers' - para se sustentarem", observou.
O protagonista é um homem que se vê a si mesmo e é visto pelos outros, como alguém secundário, a quem resta apenas a condição de tio, um parentesco indireto, porque não se casou, não tem bens e não obteve amor ou reconhecimento pelo esforço que fez para sustentar a família.
"A sociedade está a caminhar para um individualismo cada vez mais selvagem, e cada vez mais parece que somos menos capazes de nos reconhecermos enquanto coletivo", frisou.
"Parece que há uma impossibilidade de aprendermos de dar o salto para a humanidade", acrescentou João Garcia Miguel, sublinhando "que também estas questões estão presentes na peça".
'Tio João' tem novas representações nos dias 21, 23 e 24 de junho, sempre às 21:30.
Com direção de atores de Sara Ribeiro, "Tio João" é interpretada por Amanda Gartner, Ana Vilaça, Duarte Melo, Eurico D'Orca, Luís Coelho, Marta Caeiro e José Pimentão.
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