"Compromissos europeus são teste para Governo e coligação"
António Vitorino considerou hoje que o grande desafio para o Governo é conciliar a sua visão europeia com as reivindicações da sua base parlamentar de apoio, mas avisou a coligação de que não basta estar contra o Governo.
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Política António Vitorino
"O teste será tanto para o Governo, que terá que conciliar a sua base de apoio com os compromissos, como para a coligação, que estando interessada em voltar ao poder não pode ser indiferente à maneira como se cumprem os compromissos europeus", afirmou o antigo comissário europeu, avisando que a coligação "não deve começar já a rir", pois "não basta responder que o Governo é ilegítimo".
O socialista falava durante a conferência "Crise política", que juntou no mesmo painel Henrique Neto, António Vitorino, António Ramalho e André Gorjão Costa e que hoje encerrou o Fórum Empresarial do Algarve, que decorreu num hotel em Vilamoura, sob o tema "2020, Portugal e o mundo".
"Acham que a coligação é indiferente ao aumento da procura interna?", questionou António Vitorino, sublinhando que o aumento da procura interna tem que ser um elemento também do crescimento económico e que o limite são os critérios do euro.
Para o socialista, o novo Governo liderado por António Costa terá que provar "que é possível garantir continuidade nesse tal Conselho de Ministros das terças-feiras com um Conselho de Ministros às quintas-feiras que está em linha com os objetivos do euro".
Já o candidato presidencial Henrique Neto mostrou-se discordante de um modelo de crescimento assente na procura interna, afirmando recear que possa não funcionar e apontando o aumento das exportações como a solução mais viável para o crescimento económico.
Segundo António Vitorino, a situação de instabilidade política a que se assistiu nos últimos dias em Portugal é "típica" de um sistema semipresidencial, em que quando não existe convergência entre o Presidente da República e o parlamento é criada uma situação de atrito.
Considerando que o sistema institucional "reagiu bem" à situação de crise e que o país vive agora uma situação de "stresse pós-traumático", o socialista atribuiu o definhamento da democracia representativa à incapacidade de reformar o sistema eleitoral.
"O resultado hoje é que nós assistimos a um definhamento da democracia representativa por incapacidade de reformar o sistema eleitoral e vamos ser objetivos: com esta composição parlamentar, como dizem os espanhóis, "ni hablar" [nem falar]", afirmou.
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