"Vi o senhor Rogério a disparar na nuca do agente da GNR"
Vizinhos e amigos das vítimas do tiroteio ocorrido hoje na Quinta do Conde, Sesimbra, na sequência do qual morreram três pessoas, estão chocados com o sucedido, mas admitiram que o autor dos disparos já tinha ameaçado fazê-lo.
© Global Imagens
País Homicídio
O tiroteio que aconteceu hoje na Quinta do Conde provocou três mortos, um deles um GNR que integrava as primeiras patrulhas que chegaram ao local.
O alegado homicida, "um português de 77 anos", que se encontrava no interior de uma residência, foi "detido pela GNR" e transportado para o Hospital de S. Bernardo, em Setúbal.
Ao início da noite, cerca de uma centena de pessoas estava concentrada junto ao local onde ocorreu o tiroteio, entre vizinhos, amigos e transeuntes, que olhavam curiosos para o cordão policial que impedia o acesso à rua.
Em declarações à agência Lusa, alguns vizinhos de uma das vítimas e do alegado autor dos disparos manifestaram-se chocados com o crime, mas revelaram a existência de algumas desavenças entre ambos.
"Aquilo que sabemos é que o senhor Rogério [autor dos disparos] já tinha ameaçado o vizinho de que o matava a ele e à família se o cão não deixasse de fazer barulho, mas nunca nos passou pela cabeça que o fizesse mesmo", referiu uma vizinha, que não se quis identificar.
Outra vizinha, que testemunhou todo o incidente, afirmou que ainda tinha o som dos tiros a ecoar-lhe na cabeça.
"Ouvi os tiros e vi duas pessoas no chão. Vim ajudar e depois vi o senhor Rogério a disparar na nuca do agente da GNR. A morte passou à minha frente", contou Odília Silva.
Por seu turno, um dos amigos do alegado autor dos disparos, disse à Lusa estar "totalmente surpreendido" com a atitude do amigo, que sempre mostrou uma postura "calma e amigável".
"Nunca me passou pela cabeça que o Rogério fizesse uma coisa destas. Ainda não consigo acreditar", disse o homem, que não se quis identificar.
A GNR foi alertada para o tiroteio, numa rua na Quinta do Conde, por volta das 17:00, tendo mobilizado várias patrulhas para o local.
Quando chegaram, segundo o tenente-coronel Jorge Goulão, do Comando Territorial de Setúbal, os militares encontraram "um indivíduo já cadáver e outro ferido", ambos "baleados com tiros de caçadeira".
Essa vítima mortal é um elemento da PSP, fora de serviço, que ouviu tiros e foi abatido quando se dirigiu ao local, revelou à Lusa o presidente do Sindicato Nacional de Polícia (SINAPOL), Armando Ferreira.
Quando os militares da GNR tentavam socorrer o ferido, o jovem de 23 anos, sem que o alegado autor do tiroteio fosse visível na zona, um tiro de caçadeira disparado do interior de uma residência "baleou mortalmente" um GNR, de 25 anos, do Comando Territorial de Setúbal.
O jovem de 23 anos viria a falecer posteriormente no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, para onde tinha sido transportado em estado grave.
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