Resultados ambientais positivos podem retroceder
O ambientalista Francisco Ferreira afirmou hoje que Portugal se tem destacado positivamente nas políticas de combate às alterações climáticas, mas alertou que a suspensão dos investimentos nas energias renováveis pode ameaçar os bons resultados alcançados.
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País Clima
Portugal é o terceiro país com melhor desempenho de políticas de alterações climáticas entre os 58 países mais industrializados, segundo o índice Climate Change Performance Index, divulgado hoje na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, em Varsóvia, Polónia.
Em declarações à Lusa, Francisco Ferreira, da Quercus, adiantou que Portugal conseguiu chegar ao pódio porque conseguiu "boas prestações em várias variáveis".
Portugal tem baixas emissões de gases com efeito estufa por habitante e aumentou o investimento na eletricidade produzida a partir de fontes renováveis, além de "um comportamento melhor no que respeita à eficiência energética", adiantou.
Contudo, Francisco Ferreira, que está em Varsóvia, alerta que estes resultados podem estar ameaçados se o investimento abrandar.
"Infelizmente as últimas medidas deste Governo, de suspensão dos investimentos das energias renováveis, e acomodarmo-nos ao facto de já estarmos a ter emissões reduzidas irão funcionar de certeza ao contrário daquilo que é desejável, que é melhorarmos a nossa performance climática", sublinhou.
Vários estudos demonstram que o investimento nesta área tem "uma ligação importante à criação de emprego, à criação de novas oportunidades e economias" que se deve "saber aproveitar".
Portugal subiu um lugar no ranking pela redução no uso de combustíveis fósseis, fomentada pela crise, e pelos resultados da política energética devido, principalmente, ao investimento nos últimos anos em energias renováveis.
"Olhando para o total de indicadores, Portugal acaba por se destacar e até em situação inversa há de outros países, que também poderiam ter indicadores melhores nesta área por causa da crise económica, com é o caso da Grécia".
Esta situação "mostra que é possível definir caminhos diferentes desde que sejam devidamente antecipados", sublinhou.
"Portugal consegue estar à frente da Suécia, o que não deixa de ser importante, porque a Suécia é considerado um país exemplar e estamos apenas atrás da Dinamarca, que está no primeiro lugar, e do Reino Unido.
Em termos mundiais, os países "mais marcantes" têm tido evoluções distintas: Os Estados Unidos estão a conseguir tomar algumas medidas de eficiência energética, reduzindo o uso do carvão, e a China tem feito um "forte investimento em energias renováveis" e reduzido ligeiramente o uso carvão devido aos problemas de poluição do ar no país.
Os países piores são os associados ao petróleo, nomeadamente a Arábia Saudita e o Cazaquistão", frisou Francisco Ferreira, acrescentando que "infelizmente" o Canadá também tem "uma performance climática muito má".
Para o ambientalista, "O Japão e a Austrália foram, até agora, as grandes desilusões" na conferência.
"A Austrália pelas medidas internas que anulam muito do esforço que tinha a ser vindo feito no país em termos de redução de emissões e de política climática e o Japão porque se tinha comprometido, entre 1990 e 2020, a uma redução de 25% e vai aumentar 3%", explicou.
Contudo, "é difícil fazer uma avaliação" em relação ao Japão, porque "o seu principal problema prende-se com o seu futuro pós Fukushima".
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