Meteorologia

  • 11 MAIO 2024
Tempo
15º
MIN 15º MÁX 23º

Tradutor de Alice Munro sublinha "economia de meios" utilizados

José Miguel Silva, tradutor de obras de Alice Munro, afirmou que o Nobel da Literatura foi "justamente atribuído" e salientou a "densidade das personagens" criadas pela autora, que utiliza uma "grande economia de meios" literários.

Tradutor de Alice Munro sublinha "economia de meios" utilizados
Notícias ao Minuto

17:06 - 10/10/13 por Lusa

Cultura Prémios

"Estou muito contente, a Real Academia Sueca premiou um grande escritor", disse o tradutor à Lusa. "A técnica de escrita" da autora "consegue criar personagens muito realistas e fortes, memoráveis, com uma técnica narrativa extraordinária", salientou.

"Para mim é quase miraculoso como ela consegue, em tão poucas páginas, ou até num pormenor descritivo, fazer um retrato robot da personagem. Tem uma economia de meios, que é prodigiosa", disse.

"Onde outro escritor precisaria de cinco ou dez parágrafos para nos dar a imagem de uma personagem, ela consegue isso em duas frases; com muito pouco, marca logo a personagem, salienta-a na narrativa - ou pela forma como se expressa ou através de uma peça de roupa", acrescentou, como exemplo.

O tradutor considera que é "espantoso como, aparentemente, com tão poucos meios e com tanta subtileza, se consegue tirar tanto de uma história".

Alice Munro "não é uma escritora de grandes personagens e de grandes frases", disse o tradutor. "Não usa um léxico demasiado rico, mas as suas personagens têm uma grande densidade".

José Miguel Silva salientou, entre os títulos existentes no mercado português, "A vista de Castle Rock", que "é uma ficção sobre os seus antepassados, mas com uma base em factos reais", e ainda "O amor de uma boa mulher" e "O progresso do amor".

José Miguel Silva, 44 anos, além de tradutor é poeta, autor dos livros "O Sino de Areia" (1999), "Ulisses Já Não Mora aqui" (2002), "Vista Para um Pátio seguido de Desordem" (2003), "24 de Março" (2004) e "Movimentos no Escuro" (2005). O autor colabora em várias revistas e é o responsável pelo blog "Ad Loca Infecta".

A Real Academia Sueca, ao anunciar hoje a distinção da escritora canadiana, referiu-se a Alice Munro, de 82 anos, como uma "mestre do conto contemporâneo".

Alice Munro, nasceu em Winghamem, na província de Ontario, no Canadá. Em 2009 recebeu o Man Booker Prize britânico e tinha sido já amplamente distinguida no seu país de origem, nomeadamente com o Prémio PEN de Excelência, em 1997, e Governor General's Award, que lhe foi atribuído por diversas vezes entre as décadas de 1960 e de 1980.

Em 2006 e 2008, recebeu o Prémio O. Henry do conto, uma das mais importantes distinções norte-americanas para a "ficção breve".

Em Portugal, pela Relógio d'Água, estão editados os livros "Fugas", "O amor de uma boa mulher", "A vista de Castle Rock", "Demasiada felicidade", "O progresso do amor" e "Amada vida".

Recomendados para si

;
Campo obrigatório