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Televisão angolana difunde imagens de 'rapper' ativista detido

A televisão pública angolana tem vindo a difundir, desde sexta-feira, imagens do ativista e 'rapper' Luaty Beirão, um dos 15 detidos em Luanda, acusados de prepararem um golpe de Estado, em greve de fome há 20 dias.

Televisão angolana difunde imagens de 'rapper' ativista detido
Notícias ao Minuto

17:25 - 10/10/15 por Lusa

Mundo Pública

O jovem ativista, músico e engenheiro, de 33 anos, voltou a ser transferido na sexta-feira para uma cadeia-hospital de São Paulo (Luanda), devido ao estado de saúde, segundo informação da família, que afirma encontrar-se "em risco de vida".

Os familiares dizem ainda que as suas visitas a Luaty Beirão, na cadeia, onde se encontra desde 20 de junho, têm sido sujeitas a limitações, não previstas, pelos serviços prisionais.

Entretanto, a televisão pública angolana começou a difundir, nos espaços noticiosos, imagens do ativista, na prisão, apresentadas como "exclusivo" e "desmentindo" rumores sobre a morte do jovem.

Luaty Beirão, que assina ainda com os heterónimos musicais "Brigadeiro Mata Frakuzx" ou, mais recentemente, "Ikonoklasta", aparenta um estado de saúde débil e surge recusando-se a prestar declarações àquele órgão público.

"Admiro a persistência, mas não vou falar", diz Luaty Beirão, nas declarações emitidas pela televisão pública angolana.

Em causa está a situação de um grupo de 17 jovens - duas em liberdade provisória - acusados formalmente, desde 16 de setembro passado, de prepararem uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano, mas sem que haja uma decisão do tribunal de Luanda sobre a prorrogação da prisão preventiva.

"O meu marido está em greve de fome há 18 dias [na quinta-feira], porque está detido ilegalmente, porque as autoridades não fazem o seu trabalho. Já se esgotaram os 90 dias [primeiro prazo máximo de prisão preventiva] e não há uma decisão das autoridades dizendo se mantêm a prisão preventiva por mais 90 dias ou se os libertam, com Termo de Identidade e Residência ou com caução, já que a lei assim o permite", disse à Lusa, na quinta-feira, Mónica Almeida, casada com Luaty Beirão.

Mónica Almeida falava, na ocasião, numa vigília que algumas dezenas de pessoas promoveram em Luanda, junto à igreja da Sagrada Família, a pedir a libertação dos 15 jovens e manifestando preocupação com a situação de Luaty Beirão, o único que permanece em greve de fome, de vários que a iniciaram.

Face ao estado de saúde do ativista, nova vigília foi convocada para o mesmo local, ao fim da tarde de hoje.

"O Luaty pode morrer a qualquer momento. Numa greve de fome devia ingerir três litros de água, quando nem meio litro consegue. Os órgãos já começam a deixar de funcionar e todos os dias apresenta um quadro diferente", disse ainda Mónica Almeida.

Luaty Beirão é um dos rostos mais visíveis da contestação ao regime angolano e já chegou a ser preso pela polícia angolana em manifestações de protesto, desde 2011.

É filho de João Beirão, já falecido, que foi fundador e primeiro presidente da Fundação Eduardo dos Santos (FESA), entre outras funções públicas, sendo descrito por várias fontes como tendo sido sempre muito próximo do Presidente angolano.

A Lusa noticiou, na segunda-feira, o conteúdo do despacho de acusação proferido pelo Ministério Público angolano contra os 17 jovens, alegando que preparavam uma rebelião e um atentado contra o Presidente da República, prevendo barricadas nas ruas e desobediência civil, que estes aprendiam num curso de formação.

"Os arguidos planeavam, após a destituição dos órgãos de soberania legitimamente instituídos, formar o que denominaram 'Governo de Salvação Nacional' e elaborar uma 'nova Constituição'", lê-se na acusação, deduzida três meses depois das detenções.

Os jovens negam a gravidade destas acusações, afirmando que se reuniam para discutir política.

"Se o Luaty tiver de permanecer preso mais dez anos, que o digam, não é ficarem mudos. É por isso que ele está em greve de fome, ele tem consciência que pode ficar preso dez, 20 anos, porque sabe que a nossa Justiça não é justa. Mas que o julguem, porque eles não foram condenados", disse ainda, anteriormente, Mónica Almeida.

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