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"Nem com três vidas que vivesses tinhas cumprido a tua pena"

Iñaki Rekarte, etarra que em 1992 matou três pessoas num atentado, diz estar arrependido dos seus atos e pede perdão. A filha de uma família destruída pela bomba que Iñaki fez explodir escreveu-lhe uma carta aberta.

"Nem com três vidas que vivesses tinhas cumprido a tua pena"
Notícias ao Minuto

21:10 - 24/05/15 por Notícias Ao Minuto

Mundo Cartas

Silvia Gómez Ríos perdeu os pais num atentado da ETA há 23 anos. Aconteceu a 19 de fevereiro de 1992, quando Iñaki Rekarte, agora com 43 anos, fez explodir uma bomba que fez três mortos e 20 feridos. Entre os mortos, estavam os pais de Silvia (na foto acima, com Silvia e o irmão).

Iñaki tinha 20 anos, na altura, e foi condenado a 23 anos de prisão. Passou 21 anos preso. No passado dia 10 de maio deu uma entrevista na televisão espanhola onde se confessou arrependido dos seus crimes e pediu perdão aos familiares das vítimas.

Silvia escreveu-lhe, na semana passada, uma carta aberta que foi publicada pelo jornal El Mundo. Nela criticou a decisão das televisões em emitir a entrevista, sem aviso, e deixou algumas palavras duras a Iñaki.

“Jamais poderia imaginar que um meio de comunicação ajudasse assim alguém que destroçou tantas famílias”, atirou Silvia, que se queixa de “assim, sem mais”, o encontrar na televisão “a contar as suas façanhas”.

Sobre o arrependimento de Iñaki, é bastante clara: “Atreve-se a dizer que se arrepende, que nos pede perdão, mas a mim esta pessoa nunca me pediu perdão. É mas fácil escrever um livro e falar às televisões como se se tratasse de um herói”, atirou.

“Qual é a minha surpresa quando, 23 anos depois, escuto que te perguntam pelos seus nomes [das vítimas] e nem os sabes. Mas eu tenho o teu gravado a fogo desde o dia 19 de fevereiro de 1992”, escreveu Silvia, diretamente para o assassino dos seus pais.

“Pois bem. Visto que em 23 anos nunca te preocupaste em saber quais eram os seus nomes, eu digo-te: Eutimio e Julia. Em nossa casa, Papá e Mamã”, acrescentou, recordando que era ainda uma adolescente quando ela e o irmão mais novo perderam os pais.

“E dizes que cumpriste a tua pena? Sim, claro. Dá graças por viveres no país onde vives. Lê a tua sentença. Eu li-a várias vezes. Espero que a tenhas colocado no livro. Nem com três vidas que vivesses tinhas cumprido a tua pena”, afirmou com indignação.

Por fim, Silvia sublinhou que “talvez sejas um ex-etarra mas para mim vais ser sempre um assassino. E mesmo assim, não te desejo mal nenhum. Espero que vivas tudo o que consigas na companhia dos teus entes queridos. (…) Mas, por favor, só te peço que evites que tenhamos de te ver e ouvir, pois dói demais. Se a mim me condenaste a fazê-lo no silêncio de minha casa, faz tu o mesmo no silêncio da tua”, concluiu.

Pode ler a carta na íntegra, em castelhano, aqui.

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