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Investidores portugueses mantêm otimismo apesar de crise em Moçambique

As empresas de capitais portugueses em Moçambique mantêm um discurso de otimismo apesar das várias frentes de crise com que o país se debate, incluindo um choque externo na economia, um conflito militar e uma dívida pública alarmante.

Investidores portugueses mantêm otimismo apesar de crise em Moçambique
Notícias ao Minuto

14:11 - 01/05/16 por Lusa

Economia Reino da Costa

"A situação económica está num ponto bastante crítico e as notícias mostram que possivelmente a dívida externa é bastante superior ao que era conhecido", comentou à Lusa José Reino da Costa, presidente da Comissão Executiva do Millennium bim, em vésperas da visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Moçambique, entre 03 e 07 de maio.

O responsável do maior banco em Moçambique observou que "a situação agravou-se claramente no final do ano passado", quando a moeda local sofreu uma forte desvalorização e a inflação começou a disparar, levando o banco central a aumentar as taxas de juro de referência e as reservas obrigatórias das instituições de crédito, "já com impacto muito visível na expansão do crédito à economia".

Reino da Costa receia que "esta situação se traduza em crédito malparado e acabe por impactar nos resultados dos bancos de forma geral", tal como a crise militar entre Governo e Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) provoca "preocupação obviamente", na medida em que "limita a mobilidade das pessoas e cria apreensão geral nas populações".

Apesar das várias frentes de crise, o administrador do banco detido pelo Millennium bcp mantém otimismo face ao potencial do país e que vai muito além dos megaprojetos da indústria extrativa, sobretudo do gás, mas que se encontram atrasados.

"Independentemente do 'timing' das decisões finais de investimento dos megaprojetos e depois desta tempestade, o país vai continuar e retomar ritmos de crescimento muito significativos", confia Reino da Costa.

Fora da indústria extrativa o maior investimento em Moçambique é português, envolvendo 2,3 mil milhões de dólares da Portucel Moçambique, do grupo The Navigator Company (antiga Portucel-Soporcel), na plantação de 350 mil hectares de eucaliptos e produção de energia e de pasta de papel em 2023.

Apesar de o projeto se desenvolver em duas das províncias mais afetadas pela crise militar, Pedro Moura salienta que a empresa realizou um "trabalho muito forte" com as autoridades administrativas e tradicionais locais e que "as operações continuam a correr bem", apesar das dificuldades de circulação de produtos nas zonas de conflito.

Além da crise militar e da dívida pública, a economia moçambicana está a ser abalada pela descida das exportações, diminuição da ajuda externa e do investimento estrangeiro, que, no caso de Portugal representou menos 73,7% em 2015 face ao ano anterior.

"Temos apreensões sobre este momento, mas também achamos que há condições para o resolver e não vamos mudar a nossa atitude em relação ao investimento", observou o administrador da Portucel Moçambique.

Marcelo Rebelo de Sousa é esperado na próxima semana na fábrica da Sumol-Compal, inaugurada em 2013 em Boane, arredores de Maputo, um investimento de dez milhões de euros numa "economia emergente e com um potencial enorme", segundo Fernando Oliveira, administrador-delegado da empresa em Moçambique, salientando ainda a expansão para outros mercados da África Austral, como já acontece na África do Sul, Zimbabué e Madagáscar.

A empresa aposta ainda numa população jovem e crescente num país de língua portuguesa e, apesar de ter aumentado o seu volume de vendas 15 vezes desde que em 2009 começou a exportar para Moçambique, também enfrenta os sinais de crise e da instabilidade militar, que fez aumentar os custos da distribuição dos seus produtos para o resto do país.

"Deveria haver uma alternativa de transporte marítimo num país com uma costa de três mil quilómetros", sugere Fernando Oliveira, dando ainda conta de dificuldades estruturais na logística, qualidade do abastecimento de energia e comunicações, o que faz com que "não haja dois dias iguais".

Mais uma vez, o responsável da Sumol-Compal espera que as crises de Moçambique sejam ultrapassadas e que, havendo estabilidade política e na balança comercial, o país marcado por uma "industrialização fraca" continue a crescer e que empresa seja vista como pioneira e atraia mais investidores.

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