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Estado chinês, um acionista de peso na economia mundial

Três imponentes torres de vidro fumado, com mais de 30 andares e seguranças fardados na entrada, erguem-se acima de todas as outras construções em Chaoyang, a larga avenida do centro de Pequim.

Estado chinês, um acionista de peso na economia mundial
Notícias ao Minuto

11:32 - 04/10/15 por Lusa

Economia Mercado

Trata-se da sede da Sinopec (China Petrochemical Corp), a principal refinaria da Ásia e a segunda maior empresa do mundo, segundo a revista Fortune, superada apenas pela cadeia norte-americana Wal-Mart.

Com menos 39 mil milhões em receitas do que a gigante de distribuição, a Sinopec andará longe do primeiro lugar, mas o que distingue as duas entidades vai para além da contabilidade.

Ao contrário da Wal-mart, de capital 100% privado, a Sinopec pertence ao Estado e é diretamente tutelada pelo governo central chinês, através de um organismo conhecido como SASAC (State-owned Assets Supervision and Administration Commission).

Trata-se de um estatuto partilhado pela maioria das restantes 106 empresas chinesas que constam das "500 mais" da Fortune, ilustrando um sistema que a China designa como economia de mercado socialista.

"Os grupos estatais são cada vez menos, mas continuam a dominar os setores chave da economia chinesa", diz à Agência Lusa Wang Hao, professor da Escola Nacional de Desenvolvimento da Universidade de Pequim.

"É uma forma da elite do Partido Comunista assegurar o controlo da economia" explica.

No primeiro semestre de 2015, as receitas daquelas empresas somaram 11 biliões de yuan (cerca de 1,6 biliões de euros), com lucros de 643.000 milhões de yuan (94.500 milhões de euros), segundo a agência oficial Xinhua.

O mesmo artigo refere que "cerca de 91% foram rentáveis, com melhor desempenho e menores custos".

Wang diz que os números carecem uma explicação: "É preciso ter em conta que as empresas do Estado são beneficiadas pelo governo, com eletricidade, terrenos e crédito barato, entre outras vantagens".

"Na verdade, mantêm níveis de eficiência muito aquém do setor privado".

A rentabilidade dos ativos, - indicador que mede a capacidade da empresa em gerar resultados - no setor estatal chinês, é inferior ao custo do capital, segundo um estudo do The Economist.

A influente revista britânica indica que o setor privado criou quase todos os empregos urbanos na China na última década.

Já os grupos estatais detêm um papel central no modelo assente no investimento em grandes obras públicas, um dos principais motores do crescimento económico da China, mas que é agora considerado "insustentável" pela liderança do país.

"Precisamos de reformas urgentes, incluindo a promoção da propriedade mista e um sistema corporativo moderno no setor do Estado", anunciou na semana passada o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

A reforma visa que as empresas estatais sejam "independentes e responsáveis pelos ganhos, perdas e riscos", e inclui a instauração de um sistema de salários "flexível", com base no mercado e em resultados.

Mas Wang Hao mostra-se cético: "Isso já foi dito antes, mas nunca se cumpriu". Pelo contrário: "Numa altura de abrandamento económico, a intervenção do Governo na economia deverá aumentar ainda mais".

No primeiro semestre de 2015, o Produto Interno Bruto chinês subiu 7%, face a 2014, e se se mantiver ao longo do ano, será o mais baixo do último quarto de século.

Em 2012, duas empresas estatais diretamente tuteladas pelo governo central chinês compraram posições em Portugal: a China Three Gorges tornou-se o maior acionista da EDP (Energias de Portugal); e a China State Grid comprou 25% da REN (Redes Energéticas Nacionais).

Este ano, uma subsidiária da Haitong Securities, empresa financeira estatal com sede em Xangai, concluiu a compra da totalidade do capital do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI), ao Novo Banco.

"As empresas estatais têm hoje uma base comercial, mas também obedecem a diretrizes politicas", conclui Wang.

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