Portugal será dos mais beneficiados com acordo de livre comércio
Vital Moreira afirmou hoje que Portugal "pode ser dos países mais beneficiados" com o eventual Acordo de Comércio e Investimento UE-EUA (TTIP), mas alertou que as negociações "não vão ser fáceis", vaticinando que nunca estarão concluídas antes de 2016.
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Economia Vital Moreira
Para Vital Moreira, ex-relator do Parlamento Europeu para o TTIP, o acordo "vai ter grandes resistências", não só por haver "divergência de interesses" entre os atores económicos dos dois lados, mas também por causa do crescimento dos partidos radicais na Europa.
"A vitória do Syriza na Grécia vai ser mais um obstáculo", referiu, apontando ainda o crescimento da extrema-direita em França.
Mesmo assim, Vital Moreira, que falava em Guimarães, num seminário sobre o impacto do TTIP nos setores têxtil, do vestuário e do calçado, manifestou-se esperançado de que o acordo será alcançado, possivelmente, "e numa visão otimista", em 2016.
"O acordo faz sentido nos dois lados, seria muito estúpido não conseguir negociar um acordo mutuamente vantajoso", referiu.
O acordo visa o livre comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos da América, com eliminação das tarifas aduaneiras e a redução das barreiras regulatórias, relacionadas com aspetos como requisitos técnicos, inspeções ou certificações.
Sem estas barreiras, Vital Moreira considera que Portugal "poderia ser um dos principais beneficiários do acordo", nomeadamente as pequenas e médias empresas das áreas do calçado, vestuário e têxtil e da agricultura 'gourmet', como azeites, vinhos, conservas e frutas.
"Atualmente, face às exigências fitossanitárias impostas pelos EUA, não há uma pera ou uma maçã europeias que consigam lá entrar", afirmou.
Vital Moreira aludiu a um estudo, divulgado em 2014, que mostra que, para Portugal, o TTIP significaria um aumento de mil milhões de euros do PIB, a criação de "muitas dezenas de milhar de postos de trabalho" e melhores salários.
Por isso, apelou àqueles que são a favor do acordo para fazerem ouvir a sua voz, não deixando "os inimigos sozinhos em campo".
No seminário, participou também o Embaixador dos Estados Unidos da América em Portugal, Robert Sherman, que se manifestou esperançado de que o TTIP será assinado ainda este ano e que sublinhou que se trata de um acordo "absolutamente importante" para as duas potências.
Sherman elogiou os produtos portugueses e, com algum humor, deu conta de que os sapatos que calça e que a roupa da sua cama são "made in" Portugal.
João Costa, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, disse que as exportações do setor para os EUA atingiram em 2014 os 220 milhões de euros, mas com o acordo poderão duplicar em dois ou três anos.
"Atualmente, os direitos e encargos aduaneiros são muito complexos e elevados", queixou-se.
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