Cristina Nóbrega apresenta novo disco em Óbidos
A fadista Cristina Nóbrega apresenta o seu novo álbum na próxima quarta-feira à noite, no Convento de S. Miguel nas Gaeiras, em Óbidos, no âmbito das comemorações dos 40 anos do 25 de Abril daquele concelho estremenho.
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Cultura Fado
Intitulado "Um fado para Fred Astaire", este terceiro álbum de Cristina Nóbrega é constituído maioritariamente por fados tradicionais, sendo todos os poemas de autoria de Tiago Torres da Silva.
Entre os fados tradicionais, Cristina Nóbrega gravou o fado Tango, de Joaquim Campos, num "tributo ao poeta Luís de Macedo", de quem Amália Rodrigues gravou nesta mesma melodia o poema "Cansaço". Cristina Nóbrega gravou "Outro Cansaço".
Luís de Macedo é o pseudónimo literário do diplomata Luís Chaves de Oliveira (1901-1971), que dirigiu a revista literária Távola Redonda e de quem Amália Rodrigues gravou, além de "Cansaço", os poemas "Vagamundo" e "Asas Fechadas", entre outros. Mais recentemente, foi Camané quem gravou quatro inéditos do poeta.
A ideia da homenagem a Luís de Macedo foi "pegar nas palavras de 'Cansaço' e arranjar outra letra", explicou Cristina Nóbrega.
Amália liga-se também à escolha do título do CD, "Um fado para Fred Astaire", evocando um episódio da fadista que, doente, pensou suicidar-se em Nova Iorque, o que foi adiando vendo filmes do ator e bailarino norte-americano. "Viveu pelo menos mais 20 anos, e é desta forma que o Fred Astaire entra na história da saudade", rematou a intérprete.
Cristina Nóbrega, distinguida em 2009 com o Prémio Amália Rodrigues Revelação, afirmou à Lusa que era sua intenção "desde há muito fazer um disco de fado tradicional que é a essência do fado".
Das mais de 200 melodias tradicionais, entre as preferidas da fadista, estão o Fado Menor com versículo, na qual interpreta o tema que dá título ao álbum, "Um fado para Fred Astaire", os Fados Bailarico e Cravo, ambos de Alfredo Marceneiro, nos quais canta, respetivamente, "Quando o mar nos leva ao fado" e "A vida que há na saudade", e também o Fado Meia-Noite, de Filipe Pinto, no qual gravou "Por me ver sozinha assim".
Relativamente à vontade de cantar fados tradicionais, a fadista defendeu que "tinha de ter um crescimento pessoal, para saber como agarrar as músicas" e destacou "a intensidade dos fados tradicionais", referindo-se ao fado como uma "música estranha, capaz de cantar sentimentos que são de todos; da humanidade".
Neste CD, Cristina Nóbrega registou os Fados Dois Tons, de Alfredo Costa, Amora, de Joaquim Campos, Zé Grande, de Raul Pereira, Zé Negro, de José Marques, e o Alexandrino, de Armandinho.
Tiago Torres da Silva é um poeta que fadista gosta de cantar, pois "é capaz de falar dos sentimentos mais íntimos, que são a temática fadista, mas com dignidade e sem ser lamechas".
Na realidade, o desafio para gravar fados tradicionais partiu de Torres da Silva, mas era uma vontade "de há muito tempo" da fadista, tendo-se juntado, aos dois, o músico Pedro Jóia que, além de ser o diretor musical, produz pela primeira vez um disco de fado.
O álbum inclui dez melodias tradicionais, excetuando duas marchas - "O barquinho de papel" e "Escadinhas da Bica" - ambas com música de Pedro Jóia, que assina também a composição de "Las cenizas de mis canciones", que a fadista interpreta com a cubana Omara Portuondo.
No espetáculo nas Gaeiras, Cristina Nóbrega é acompanhada por Rodolfo Godinho, na guitarra portuguesa, Carlos Garcia, na viola e João Penedo, no contrabaixo.
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