O ChatGPT pode estar a reforçar teorias da conspiração, de acordo com uma reportagem publicada na passada sexta-feira pelo jornal norte-americano New York Times (NYT).
Segundo um testemunho citado no artigo, a ferramenta da OpenAI aconselhou-o a isolar-se e a fazer escolhas que, em última instância, seriam lesivas para a sua pessoa.
Eugene Torres é o utilizador que dá a cara ao jornal. O contabilista de 42 anos de idade explicou que questionou o chatbot sobre a 'teoria da simulação', ou seja, a teoria que diz que a nossa realidade é uma simulação de computador, possivelmente criada por uma civilização mais avançada. Eugene disse que o ChatGPT não se limitou a explicar teoria, foi mais longe: disse-lhe que ele era "um dos 'Breakers'" - uma das alegadas almas escolhidas para acordar os demais desta suposta falsa realidade.
De acordo com Eugene, o chatbot não se limitou a responder a perguntas ou aumentar produtividade - também o levou a acreditar numa teoria extrema e aconselhou-o, inclusive, a abandonar a sua medicação prescrita.
A reportagem, porém, também levantou críticas. O especialista informático John Gruber descreveu, na sua página online Daring Fireball, como a reportagem envereda pelo alarmismo, chamando-lhe até "Reefer Madness" (expressão de um filme de 1936, que fazia propaganda contra a marijuana de forma alarmista e exagerada).
De acordo com Gruber, o chatbot não causa doenças mentais, mas pode, sim, "alimentar as ilusões de uma pessoa que já não esteja bem". "Alguém que toma medicamentos para dormir, comprimidos para a ansiedade e quetamina não parece uma pessoa que estivesse já completamente estável e emocionalmente saudável antes de entrar no ChatGPT. E foi ele [Torres] quem perguntou pela fantasia da 'teoria da simulação'", escreveu.
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