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Explicações de "cerveja com amigo Barroso" não convenceram eurodeputados

O vice-presidente da Comissão Europeia Jyrki Katainen explicou hoje à noite no Parlamento Europeu, em Bruxelas, o seu polémico encontro com Durão Barroso, que classificou como "uma cerveja com um amigo", sem convencer os eurodeputados, que lamentaram as "contradições".

Explicações de "cerveja com amigo Barroso" não convenceram eurodeputados
Notícias ao Minuto

20:52 - 28/02/18 por Lusa

Política Bruxelas

O debate sobre a reunião entre Katainen e o antigo presidente da Comissão Europeia, agora presidente não-executivo do banco de investimento norte-americano Goldman Sachs, foi agendado hoje mesmo para o primeiro dia da mini-sessão plenária que decorre em Bruxelas, por proposta do Grupo da Esquerda Unitária, uma semana depois de ter sido tornado público o encontro, que teve lugar em outubro passado num hotel de Bruxelas.

Num hemiciclo praticamente vazio, os poucos eurodeputados presentes manifestaram-se pouco convencidos com as explicações dadas pelo vice-presidente da Comissão, sobretudo depois de este ter admitido que foram abordadas questões de comércio e defesa da UE, tendo a exceção sido o deputado Paulo Rangel (PSD), que lamentou a realização de um debate mais digno de um 'reality show' e da "perseguição pessoal" de alguns deputados a Durão Barroso.

Referindo-se à reunião mantida "no bar do hotel" em outubro passado, Katainen garantiu ter-se tratado de "um copo de cerveja com um amigo", disse que "todos têm direito a ter a sua vida privada e são livres de escolher os seus amigos", e explicou que o nome de José Manuel Durão Barroso não constava do registo de transparência dado a regra da Comissão ser inscrever não os nomes dos indivíduos mas sim da organização à qual pertencem, no caso a Goldman Sachs.

Embora admitindo que foram discutidos assuntos europeus, e designadamente matérias de comércio e defesa, o vice-presidente da Comissão, responsável pelo Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade, garantiu que falou com o seu "amigo José Manuel Barroso" (nome pelo qual é conhecido em Bruxelas) "na sua capacidade pessoal, e não enquanto representante da Goldman Sachs".

Katainen insistiu que foram respeitadas "integralmente as regras (de transparência) da Comissão", que, frisou, nunca proibiu os seus membros de manterem contacto com Durão Barroso, e sustentou que "a Comissão é a instituição europeia mais transparente", razão pela qual fez questão que o encontro fosse registado, ainda que fosse de âmbito pessoal.

Com exceção de Paulo Rangel, os outros eurodeputados que intervieram no debate criticaram Katainen por, enquanto vice-presidente da Comissão, ter-se reunido com Durão Barroso depois de toda a controvérsia sobre a ida do antigo presidente do executivo comunitário para o banco norte-americano de investimento e do compromisso que este assumiu de nunca fazer lóbi junto das instituições europeias.

Entre as vozes mais críticas, contou-se a de Ana Gomes (PS), que considerou "impróprio e pouco recomendável" o encontro, disse não acreditar tratar-se de "um copo entre amigos", lamentou o que classificou como "demasiadas contradições na narrativa", e exigiu que Katainen explicasse ao certo "que assuntos específicos discutiu com Durão Barroso, empregado da Goldman Sachs".

O vice-presidente da Comissão respondeu de uma forma vaga, mas garantiu que foi sobretudo ele próprio a falar, para mostrar a Barroso como a Europa está de novo em movimento.

Já Paulo Rangel considerou que só por motivos de "perseguição pessoal ou inimizade" é que se pode agendar um debate sobre a reunião entre Katainen e Barroso.

"Pobre parlamento que perde tempo com um assunto destes e que não respeita aqueles que serviram" a Europa como o antigo presidente da Comissão, que agora, apontou, é alvo de ataque a cada "ato normal da sua vida privada".

Em resposta a esclarecimentos solicitados pela Corporate Europe Observatory, uma organização não-governamental que se dedica a "expor e desafiar" o poder de lóbi das grandes empresas junto dos decisores políticos da União Europeia, Katainen admitiu, numa carta com a data de 31 de janeiro e tornada pública na semana passada, que se reuniu em privado com Barroso, relançando a polémica em torno da sua ida para a Goldman Sachs.

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