Merkel diz-se pronta para ser candidata em novas eleições
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse hoje que está pronta para ser candidata a novas eleições, cenário que prefere ao de formar um governo minoritário, se não for possível uma coligação de governo.
© Reuters
Política Alemanha
Numa entrevista ao canal público alemão ARD, Angela Merkel disse que está "muito cética" quanto à ideia de formar um governo minoritário.
"Os meus planos não incluem um governo minoritário. Não quero estar hoje a dizer 'nunca', mas estou muito cética e penso que a melhor maneira seria fazer novas eleições", disse.
A União-Democrata Cristã (CDU) de Merkel venceu as legislativas de 24 de setembro sem maioria e, em outubro, iniciou conversações para um acordo de coligação com o Partido Liberal (FDP, 10,7%) e com os Verdes (8,9%).
No domingo, contudo, os liberais anunciaram que abandonam as negociações e, hoje, o Partido Social-Democrata (SPD), segunda força política, repetiu que não está disponível para voltar a integrar uma "grande coligação" como a que governou o país nos últimos quatro anos.
A Alemanha, sublinhou Merkel, "precisa de um governo estável que não tenha de procurar uma maioria para cada decisão".
Apesar de fragilizada politicamente, a chanceler afastou qualquer hipótese de demissão ou saída de cena.
"Seria muito estranho [...] dizer agora que o que disse aos eleitores durante a campanha [para as legislativas] já não é válido", disse Merkel, no poder há 12 anos.
Perante este cenário, o presidente alemão, Frank-Walter Steimeier, pediu hoje aos partidos políticos que voltem às negociações para formar um governo, afastando para já a possibilidade de convocar eleições antecipadas.
"Espero que todos [os partidos] estejam disponíveis para o diálogo de forma a tornar possível, num prazo razoável, a formação de um governo", disse Steinmeier, depois de receber Merkel na presidência.
"Haveria incompreensão e grande preocupação, dentro e fora do país, [...] se as forças políticas do maior e economicamente mais forte país da Europa não cumprissem a sua responsabilidade", acrescentou.
Sem um acordo, as duas alternativas são a formação de um governo minoritário ou a convocação de legislativas antecipadas, decisões que competem ao presidente.
Claramente favorável a uma antecipação das eleições é a extrema-direita da Alternativa para a Alemanha (AfD), que nas legislativas de 24 de setembro obteve um resultado histórico, ao constituir-se como terceira força política do país e assegurar a entrada direta no parlamento federal, pela primeira vez desde o pós-guerra.
"Agrada-nos uma eventual convocação de eleições", disse à imprensa a líder parlamentar da AfD, Alice Weidel, cabeça-de-lista com o veterano Alexander Gauland, que disse, por seu lado, que o partido espera "resultados melhores" num próximo escrutínio.
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