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Após longas horas de debate, moção de censura do CDS foi chumbada

Governo de António Costa enfrentou, esta terça-feira, a sua primeira moção de censura, a 29.ª em 43 anos de democracia. O resultado foi o previsível: a Esquerda chumbou a iniciativa do CDS que contou com o apoio do PSD.

Após longas horas de debate, moção de censura do CDS foi chumbada
Notícias ao Minuto

15:11 - 24/10/17 por Patrícia Martins Carvalho

Política Parlamento

Os parceiros da ‘geringonça’ PCP, Bloco e ‘Os Verdes’ já anunciaram que vão "chumbar" a iniciativa do CDS-PP. Já o PSD votará a favor. Curiosamente, foi o anterior Executivo de coligação PSD/CDS, liderado por Pedro Passos Coelho (2011-2015), o mais censurado, com seis moções no total.

A moção de censura contra o Governo, que hoje foi debatida e votada, foi apresentada pela líder centrista dois dias depois dos incêndios de 15 de outubro, na região Centro e Norte, que fizeram 45 mortos. Em causa, justificou à data Assunção Cristas, estava o falhanço do Executivo na "função mais básica do Estado: proteger as pessoas".

18h43 - Começa a votação. Toda a Esquerda e o PAN levantou-se e votou contra.

Não há nenhuma abstenção.

A favor votaram as bancadas do PSD e do CDS.

A moção de censura é chumbada pelo Parlamento com 122 votos contra e 105 a favor.

18h26 - Telmo Correia, deputado do CDS -  "No final deste debate tornou-se evidente que este era um debate que além de fazer sentido era inevitável. Ao longo do debate nunca o primeiro-ministro e o Governo quiseram falar do que aconteceu e muito menos assumir as suas responsabilidades. A imagem que ficou foi a de um Estado falhou e se isto não é fundamento de censura, perguntamos então o que seria instrumento de censura. É de resto curioso que esse empenhamento em branquear, em diluir responsabilidades venha de onde vem. O PS governou a maioria destes últimos 25 anos, foi do PS a maior responsabilidade ao longo do tempo. Não é assim senhor ministro da Agricultura? O senhor tem responsabilidades nesta área pelo menos desde o ano 1995 do século passado, ninguém tem mais responsabilidades que o senhor na área da agricultura e das florestas. E não venha aqui dizer que não é possível apresentar uma moção de censura quando se inicia o luto quando o Governo demitiu uma ministra no início desse mesmo luto. Governar é escolher, o Governo escolheu nada fazer e, por isso, é responsável pelo que aconteceu. O que ficou na memória de todos foi um primeiro-ministro e um Governo que proferiu declarações que revelaram insensibilidade e até sobranceria. Esta moção é inevitável porque o Governo ignorou os avisos e foi arrogante. A vossa arrogância é o resultado de quem tendo chegado ao Governo como chegou acha que, por isso, tudo pode. A nossa falha nesta matéria foi a de não ter gritado mais alto. Esta moção poderia ter sido há quatro meses atrás.

18h16 - Capoulas Santos, ministro da Agricultura -  "Está a terminar o debate de uma moção de censura que foi anunciada no primeiro dia de luto nacional. Quer isto dizer que no momento em que o país se mobilizava em socorro e solidariedade com as vítimas, os deputados do CDS concentravam as suas energias na procura de argumentos para reunir apoios para derrubar o Governo.  O CDS apenas pretende tirar proveitos próprios e com a alegre cumplicidade do verdadeiro alvo da moção, o PSD. Se há partido que se devia abster de trazer este tema a debate sob esta forma e no atual contexto é precisamente o CDS. O Governo está neste momento com humildade e determinação focado em acudir às vítimas dos incêndios, à reparação dos danos e à reposição da normalidade. Nos últimos dias e meses tem dado sobejas provas disso".

18h10 - João Almeida, deputado do CDS: "Mas estes não são motivos relevantes para apresentar uma moção de censura? Os partidos que apoiam o Governo não contrariaram que o Estado falhou".

18h00 - Carlos César, presidente do PS: "Temos a obrigação de não derrotar a esperança dos portugueses com o debate inútil, os ataques pessoais e a diatribe grosseira e continuada que aqui vimos por parte do CDS e do PSD. Se o CDS pretendia com esta moção fazer com que o Parlamento assumisse um ato de desconfiança perante o Governo precipitou-se. Mais valia que o CDS trocasse a moção de censura por propostas para o Orçamento do Estado"

17h45 - Luís Montenegro, deputado do PSD: "Aquilo que as bancadas da Esquerda andam a dizer há quatro meses a propósito da intervenção do PSD e do CDS cumprindo esse papel cimeiro que cabe à oposição é um desrespeito por esse consenso sobre as regras da democracia. Aquilo que os senhores queriam era o silêncio do PSD e do CDS. Mas esse silêncio não é próprio de um regime democrático, é próprio das ditaduras que funcionam em moldes que os senhores conhecem muito melhor do que nós. Este Governo falhou quando foi sujeito a uma prova de fogo e é mesmo no sentido literal e metafórico. Posto à prova o Governo falhou. A questão que esta moção coloca é simples: a confusão teve ao enfrentar os fogos florestais merece ou não uma censura política do Governo? Nós respondemos: merece, merece sim senhor. Este debate tem um fundamento específico, apurar o falhanço deste Governo na defesa das pessoas. Politicamente, esta ex-ministra da Administração Interna mentiu ao país. Este Governo existe só com o objetivo de não existir outro. Nos no PSD sabemos que um dia havemos de voltar a liderar o Governo e, nessa altura, esse governo liderado por nós não vai existir para evitar que exista o vosso, mas para cuidar das pessoas e ter uma sociedade justa e solidária. E sobretudo um Governo que exista para não falhar como este falhou".

17h40 - Jorge Costa, deputado do Bloco de Esquerda: "Os erros mais difíceis de corrigir e as responsabilidades mais pesadas estão no campo da prevenção. Assunção Cristas responde por quatro anos e meio à frente da política florestal e de ordenamento do território em que diminuiu a defesa da floresta, acabou com a autoridade florestal, liberalizou plantação de eucaliptos. O Estado falhou? Falhou sim. Mas com podem insurgir-se aqueles que sempre exigiram o Estado mínimo que se especializaram a cortar supostas gorduras que eram afinal o próprio músculo das políticas públicas? Esta moção vem apenas comprovar o que já sabíamos depois de quatro anos de experiência: na floresta e nos serviços públicos as políticas de Direita são apenas parte dos problemas".

17h36 - João Oliveira, deputado do PCP: "Esta moção de censura é um aproveitamento inqualificável da tragédia dos incêndios para esconder a política de direita que está na origem dos incêndios. A provação desta moção serviria apenas a instrumentalização que o CDS está a procurar fazer da tragédia e das suas vítimas e não resolveria nenhum problema. A rejeição desta moção de censura não pode ser considerada como motivo de confiança nas opções e decisões tomadas quanto à prevenção e combate aos fogos muito menos pode corresponder à ideia de qe a de defesa da floresta contra incêndios pode alcançar-se sem alterar as opções que tem adiado a concretização de medidas há muito identificadas. É evidente que as opções e decisões do atual Governo têm de ser questionadas e criticadas na medida que não reverteram opções anteriores, mas essa crítica não pode esconder ou desvalorizar a verdadeira origem e os responsáveis pelos incêndios. A tragédia dos incêndios florestais é o resultado de problemas acumulados na floresta portuguesa por décadas de políticas de Direita. O que falhou não foi o Estado, foi a política de Direita e os seus executores que deixaram as populações desprotegidas".

17h28 -Pedro Mota Soares, deputado do CDS. "Esta moção serve para dar resposta à pergunta: O que temos de fazer para o Estado fazer tudo o que pode para que uma catástrofe como esta não se volte a repetir"

17h12 - António Costa reitera que o Governo não ficou "parado a seguir a Pedrógão", tragédia que vitimou 64 pessoas. "Todos temos consciência de que de ano para ano teremos um contexto mais difícil. Cada alteração climática cria um contexto mais difícil e este ano tivemos [exemplos disso com] dois fenómenos meteorológicos" (bancada do PS aplaude António Costa).

17h05 - Pedro Filipe Soares, deputado do Bloco de Esquerda: "Reafirmo que a meteorologia não pode justificar tudo. O Estado tem que assumir responsabilidade, até agora falhou, o Estado mínimo foi a crise também nas florestas e zonas rurais. No entanto, não vemos nesta moção de censura uma palavra sobre os cortes, a redução de serviços, a liberalização, abandono dos territórios. Esta é a moção de censura que gostaria que na floresta tudo continuasse na mesma. O perigo de tudo continuar na mesma sempre que é necessário proceder a mudanças demoradas e contra os interesses instalados os que têm beneficiado no caos que se vive em grande parte na floresta. O relatório da comissão técnica independente colocar o dedo na ferida". 

16h53 - André Silva, deputado do PAN - "Sim, o Estado falhou. Tudo isto constitui o pressuposto para o CDS justificar a queda deste Governo. Não iremos entrar na estéril discussão em torno do eventual oportunismo político do CDS, no lado oposto também não consideramos que o facto de o CDS ter graves e enormes responsabilidades na política florestal e ambiental de enquanto Governo faça com que não tenha legitimidade para discutir este tema. Caberá às pessoas avaliar se o CDS está a ser ou não oportunista, incoerente e irresponsável. Posto isto, dizer que aprovar esta moção de censura significa levar o país a eleições antecipadas para escolher outro governo, mas vejamos, o PAN tem memória e sabemos muito bem o que não queremos: a arrogância, as falhas e os atentados ambientais cometidos pelos governos de José Sócrates, Passos Coelho e Assunção Cristas. Temos memória e votaremos contra esta moção de censura por termos a total convicção que o pior que poderia acontecer ao país seria sairmos de eleições com um governo de maioria PS ou PSD ou CDS. Mesmo com falhas e opções políticas com as quais discordamos abertamente, este Governo demonstra querer reconstruir e tem tido postura de ouvir e dialogar". 

16h46 - António Costa, primeiro-ministro: "Depois do que aconteceu neste verão qualquer cidadão tem hoje desconfiança quanto à capacidade do Estado assegurar a sua segurança. Nenhuma das medidas adotadas para a reposição dos rendimentos dos portugueses será sacrificada". 

16h41 - Heloísa Apolónia, Partido Os Verdes: "Temos que trabalhar para soluções estruturais. Que se trave de uma vez por todas a expansão de manchas contínuas de monoculturas de eucaliptos. Estamos em tempo de soluções. Mas Os Verdes não desresponsabilizam o Governo pelas responsabilidades que teve naquilo que aconteceu em matéria de fogos florestais. Mas também não vamos embarcar naquilo que o CDS está a procurar fazer que é responsabilizar o atual Governo, procurando absolver completamente tudo aquilo que está para trás e todas as responsabilidades dos sucessivos governos que estão para trás. Essa absolvição não podemos fazer. Não sente qualquer tipo de responsabilidade senhora deputada Assunção Cristas? Quer apagar tudo o que está para trás, absolver-se a si própria. Isso não pode acontecer. Temos todos que assumir de facto as responsabilidades imediatas e estruturais que nos conduzem a estas situações".

16h36 - António Filipe, deputado do PCP: "Senhor primeiro-ministro, pego nas suas últimas palavras: há um país para reconstruir. Os incêndios deste ano deixaram um rasto de destruição e quanto à reconstrução está tudo por fazer: indemnizações para garantir, floresta e cultura que arderam que importa recuperar, casas queimadas que importa reconstruir [...]. Há uma grande desconfiança nas pessoas, as pessoas sentem que depois do que aconteceu em junho passado, meses depois ter acontecido esta tragédia em outubro, as pessoas sentem que não foram tomadas medidas com a celeridade que se impunha. As pessoas acham que não se aprendeu nada com o que aconteceu em junho. As medidas aprovadas no Conselho de Ministros ainda estão no papel e as pessoas precisam de sentir atos concretos no seu dia-a-dia. 

Há para aí vozes no sentido de dizer que se houver folga orçamental tem que ser canalizada para o combate e prevenção aos incêndios, prejudicando medidas de justiça social e de reposição de rendimentos que são, do nosso ponto de vista, indispensáveis. Nós não queremos admitir que a pretexto do combate aos fogos se venha a criar uma espécie de nova troika que venha inviabilizar medidas que são absolutamente necessárias de reposição de direitos e rendimentos dos portugueses. Queremos ter aqui uma garantia de que isso não vai acontecer".

16h31 - António Costa, primeiro-ministro: "É muito evidente que perante a devastação da tragédia a resposta da Direita é derrubar o Governo. A nossa resposta é reconstruir o país, é disso que o país precisa. 

16h25 - Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda: "Pela primeira vez debatemos uma moção de censura sobre uma tragédia. Em si mesmo este facto não a fragiliza. A ação de um Governo perante uma tragédia pode ser avaliada e pode achar-se que há motivos para demitir um Governo. Mas uma moção de censura é isso: um instrumento para demitir o Governo. Não é sobre a dor ou a indignação de um país que tem tido tanta dor e indignação e, por isso mesmo, apresentar esta moção, como fez a líder do CDS, como instrumento para os partidos avaliarem se a morte de 100 pessoas é grave é mais do que desadequado, é obsceno.

O Bloco de Esquerda demarca-se em absoluto desta moção de censura. Mas o Governo deve responder tanto sobre a sua responsabilidade no que aconteceu como sobre a sua capacidade para retirar consequências, responder às populações e impedir a repetição da tragédia".

16h20 - Ana Catarina Mendes, deputada do PS: "O CDS pretendeu apresentar uma moção de censura para derrubar o Governo e é esse o seu propósito. Mas há uma coisa, senhora deputada, que a bancada socialista não deixa passar em claro: não há nenhum deputado, nenhuma pessoa nesta sala que esteja mais consternada do que outras com a infelicidade e tragédia que aconteceu este ano. Por isso, por respeito ao sofrimento dos que perderam os seus entes queridos não há aqui um concurso de emoções. Há responsabilidade".

16h14 - António Costa, primeiro-ministro: "O Conselho de Ministros aprovou a constituição de um apoio no total de 100 milhões de euros, mais uma linha de crédito de mais 100 milhões de euros. São 25 milhões que já estão disponíveis num concurso aberto até final de janeiro para que empresas possam receber o apoio necessário. Temos uma medida inovadora que permite reforçar a comparticipação do Estado em situação que os trabalhadores estão a trabalhar mas empresas têm que fazer investimentos pesados para recuperarem capacidade produtiva afetada pelos incêndios. Por isso, não faltaremos às empresas como não estamos a faltar às famílias. O Orçamento para 2018 vai corresponder às necessidades".

16h12 - Amadeu Albergaria, deputado do PSD: "O Governo socialista, comunista, bloquista abandonou as populações. Os deputados do PSD eleitos pelo distrito de Aveiro estiveram nas zonas mais afetadas pelos incêndios, estão centenas de postos de trabalho em risco e exigimos saber quando e como é que as ajudas começam a chegar ao terreno. Não há tempo a perder. Ontem já era tarde". 

16h06 - Assunção Cristas, líder do CDS: "É preciso esclarecer: o senhor primeiro-ministro, realmente, fez tudo o que estava ao seu alcance? Exonorou uma ministra visivelmente fragilizada? Nomeou um novo titular da pasta que com um novo fôlego gerou autoridade e confiança? Demitiu dirigentes da Proteção Civil que provaram a sua incompetência? Nomeou outros dirigentes competentes e animicamente mais capazes para enfrentar o tempo duro do verão? Nem uma coisa nem outra. Nomeou um 'focus grupo' para avaliar se a popularidade do Governo tinha saído afetada. Soube dar a palavra que os portugueses precisavam de ouvir? Não. 

Senhor primeiro-ministro censuramos a ausência de um governo e de um primeiro-ministro à altura de dar confiança aos portugueses e de os confortar na dor. Um primeiro-ministro pode ou não pedir desculpas a nível pessoal, mas não pôde deixar de o fazer em nome do Estado quando o Estado falha sob o comando do seu governo. Uma coisa não se confunde com a outra e o senhor primeiro-ministro provou que não percebeu a diferença. Quando o país precisava de um estadista, constatou que tinha apenas um político habilidoso".

16h00 - Assunção Cristas, líder do CDS: "Foi preciso esperar pela intervenção da área socialista para ouvir uma palavra sobre as pessoas. Ao deputado João Paulo Correia quero dizer que nomeações houve sempre, há é uma diferença entre nomeações baseadas na competência e nomeações baseadas nos amigos e é por isso de umas decorrem consequências diferentes das outras.

A questão dos eucaliptos, senhora deputada Jamila Madeira, certamente não vos incomoda porque acabaram de nomear uma pessoa que vem da área do eucalipto - independentemente da competência - para tratar da salvação do país. 

Enquanto lançam essas acusações escondem o que está a vista de todos. É que independentemente de tudo o resto, de tudo  o que se fez e poderia ter feito mais, o que é absolutamente claro é que este Governo falhou. Este Governo foi incompetente, a autoridade que nomeou foi absolutamente incompetente e da sua incompetência nasceu um verão fatídico para todos os portugueses com 110 mortos que nunca, nunca tinha acontecido. Podem querer apagar e ignorar mas a verdade é que ficará para sempre ligada à vossa história.

Quem falha uma vez, quem falha segunda vez, para mim não tem estatura para ser primeiro-ministro de Portugal"

15h54 - Jamila Madeira, deputada do PS: "Eu gostava de saber se depois das responsabilidades que a atual líder do CDS teve sonbre esta matéria se se refugia numa moção de censura para continuar a não responder aos portugueses e para continuar a não responder àquilo que são os pedidos das pessoas: apoio logístico, psicológico e na resolução dos seus problemas"

15h47 - Hugo Soares, deputado do PSD: "Foi a sua [do primeiro-ministro] incompetência, soberba e insensibilidade que o fez trocar gente competente na Autoridade Nacional da Proteção Civil pelos seus amigos que se revelaram verdadeiramente incompetentes. Foi a sua incompetência, soberba e insensibilidade que o fez manter na Administração Interna uma ministra que implorava para sair porque sabia que não estava em condições políticas de garantir autoridade que a pasta exigia, foi a sua insensibilidade, incompetência e soberba que manteve no cargo uma ministra sem condições e que fez com que não tivéssemos meios aéreos para combater os fogos. Tudo isto foi fruto do seu Governo, da sua incompetência e foi por isso que o senhor primeiro-ministro falhou.

O país sabe hoje que tem um excelente primeiro-ministro a dar boas notícias, mas nas horas difíceis em que os portugueses precisam de um chefe de Governo o senhor falha.

O senhor primeiro-ministro não trouxe uma moção de confiança ao Parlamento porque sabia que nem o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português nem o Partido Ecologista Os Verdes a aprovariam e o senhor não tem a confiança deste Parlamento".

15h43 - João Paulo Correia, deputado do PS: "Esta moção de censura do CDS, faz lembrar um velho provérbio que diz que quando se aponta o dedo a alguém ficam três apontados à própria. O CDS comporta-se como se tivesse chegado agora ao Parlamento pela primeira vez e como se nunca tivesse feito parte do anterior governo. A deputada Assunção Cristas e o CDS governaram entre 2011 e 12025 as áreas da Acgricultura, Ambiente, Florestas e Proteção Civil e, por isso, também têm explicações a dar ao país sobre as causas da dimensão da tragédia dos incêndios.

Quero recordar-lhe [Assunção Cristas] que em 2013, pela sua mão, foi revertida a lei que condicionava a utilização de eucaliptos, aliás, uma lei que ficou conhecida como liberalização do eucalipto porque o colocou ao mesmo nível das restantes espécies"

15h27 - António Costa: "Estamos aqui hoje porque a responsabilidade face às tragédias têm de ter consequências. O sofrimento das vitimas e familiares, exigem uma resposta. A perda de vidas, destruição de habitações e empresas, devastação da floresta não podem ser ignoradas. Nesse sentido de dever, o Governo aqui está a assumir-se como o primeiro responsável. Mas tal não pode ser um mero ritual de aspiração institucional, tem de ser o compromisso"

“Estamos agora no tempo da sua execução, de aprovar os planos de ordenamento, de executar o cadastro, revitalização do interior, reordenamento das florestas, estão por isso desde a primeira hora a marcar a nossa ação”

“Os acontecimentos deste verão demonstraram que o efeito cumulativo da falta de prevenção, abandono do Interior e alterações climáticas, esgotaram o nosso modelo de prevenção e combate as incêndios”

“Governo comprometeu-se a retirar todas as ilações do relatórios” que com “mediáticos remendos legislativos não se resolvem (bancada PS aplaude) porque só uma reforma fundada na cooperação institucional e conhecimento cientifico tem condições para reunir o imprescindível consenso político. Governo assumiu a responsabilidade do pagamento de indemnizações às vitimas e acordou um mecanismo extrajudicial. Em segundo lugar o Conselho de Ministros adotou medidas que reforçam a segurança dos cidadãos, reforça mecanismo de informação e alerta às populações”

A aprofundada reforma do modelo de combate a incêndios rurais terá de ser aplicada sem ruturas (…) três princípios orientam a reforma: aproximação em combate (reforço de recursos, etc.); a profissionalização e capacitação (investimento na investigação e desenvolvimento, etc.); e, em terceiro lugar, especialização que permitirá a segmentação de meios vocacionados para a proteção de pessoas e bens”

“É agora o nosso tempo de Executar uma reforma profunda mas que tem de ser conduzida sem ruturas, nem descontinuidades, não afasta mas une e em que todos são essenciais. Numa nova aliança entre o saber e a vontade de servir. Encaremos juntos este desígnio este ímpeto que nos desafia. Os portugueses não esperam outra coisa. Honremos a palavra: nada poderá ficar como antes”.

15h14 - Assunção Cristas: "2017 fica para a nossa história como o ano em que o Estado português falhou em duas das suas mais básicas tarefas: a proteção das pessoas e a proteção do seu território. Falhou em duas ocasiões fatídicas separadas por quatro meses. Uma primeira vez em junho na zona de Pedrógão Grande, uma segunda vez em outubro um pouco por todo o centro e norte do país. Esta falha teve e tem um custo inimaginável, insuportável e inédito: 110 portugueses perderam a vida. Milhares de pessoas viveram horas de agonia e correram risco de vida tentando salvar-se a si e aos seus bens mais essenciais, esperando e desesperando por uma ajuda que não chegava, que não chegou. 

Mais de 500 habitações ficaram perdidas, mais de 500 mil hectares arderam, a maior área ardida de sempre. Centenas de empresas perderam tudo. 

O Estado português falhou como todos reconheceram, do Presidente da República, ao Governo, a todos os partidos sem exceção. O Estado falhou porque os seus responsáveis políticos não souberam preparar, coordenar, executar uma política eficaz de prevenção de combate aos fogos. Foi um falhanço do Governo que sabia das condições meteorológicas dificílimas que em vários momentos se verificaram no nosso território, condições extremas mas não inesperadas que exigiam preparação e prontidão suplementares.

É preciso dizer, como dissemos desde a primeira hora: há que apurar responsabilidades políticas até às ultimas consequências porque essa é a única forma em política de prestar homenagem a quem perdeu a vida às mãos de um estado incompetente. 

O relatório da comissão técnica independente que procedeu à analise e ao apuramento dos factos relativos aos incêndios que ocorreram na área de Pedrógão é claro quanto a essas falhas e às responsabilidades. Era possível ter evitado a propagação do incêndio, era possível ter evitado ou limitado a tragédia tivessem sido cumpridas as normativas e empenhados os meios delas decorrentes.

Por que razão não foi acionado o segundo meio aéreo no combate inicial? Por que esteve duas horas sem qualquer meio aéreo? Por que não foi mobilizado o único meio pré-posicionado da força especial de bombeiros de Castelo Branco como deveria ter sido? O relatório é lapidar.

Foi o falhanço de um estrutura pensada e estruturada pelo ex-ministro da Administração Interna António Costa e nomeada agora pelo primeiro-ministro António Costa de acordo com o critério da amizade e não o da competência.

O Governo falhou porque o primeiro-ministro recusou-se obstinadamente a alterar a sua composição governamental, recusou-se a pedir desculpa pelo sucedido. Recusou-se a assumir qualquer responsabilidade, culpando o clima e a floresta e os próprios portugueses pelo sucedido. Falhou porque perante um catástrofe daquelas dimensões exigia-se do Governo uma ação rápida para garantir que a época que se estava a iniciar em junho não voltaria a ter episódios trágicos e o Governo ignorou o curto prazo como se a catástrofe não aconselhasse uma resposta rápida e urgente já para este ano. E o desastre voltou a acontecer em outubro.

Muitos portugueses sentiram na pele o abandono e muitos mais solidarizaram-se uma segunda vez em quatro meses. O que se viu foi a total incompetência e ausência do Estado nas mais básicas funções do próprio Estado. Quando o Governo falha e essa falha leva à morte de mais de uma centena de pessoas e à maior área ardida de sempre que outra reação parlamentar existe que não uma moção de censura?

Quando o Governo falha e essa falha não é suficiente para o Governo por sua iniciativa assumir as suas responsabilidades que outra alternativa constitucional que não uma moção de censura?

Quando o Governo falha e essa falha atinge o coração da razão da existência do próprio Estado que outro instrumento é proporcional a tamanha dor e destruição que não uma moção de censura?

As decisões do Governo anunciadas este fim de semana são pouco para a profundidade dos danos e complexidade do desafio. Os anúncios deste fim de semana vêm tarde, muitos tirados a ferro pela palavra do Presidente da República e pela censura popular.

Senhor Presidente, senhor primeiro-ministro, senhoras e senhores deputados, o CDS dá voz neste parlamento à censura popular, dá voz a milhões de portugueses que se indignaram quando incrédulos ouviram o primeiro-ministro quatro meses depois como se nada de relevante tivesse acontecido sem assumindo responsabilidades debitar que iria aplicar as conclusões do meio técnico e que tudo ia correr bem. As mesmas palavras, as mesmas intenções de quatro meses antes. O primeiro-ministro falhou e não o reconheceu.

Os assessores de comunicação e de imagem podem dar uma ajuda, mas não mudam a natureza das pessoas e não lhes dão o estatuto que não têm. Quando o país precisava de um estadista, constatou que tinha apenas um político habilidoso

A moção de censura é um tributo aos que perderam a vida perante a incompetência

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