Descrença na República? Culpa é "dos que se deslumbram com o poder"
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou importância de voltar a defender, sem interesses, os princípios da democracia.
© Reuters
Política Marcelo
Num discurso de apenas sete minutos, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu o porquê de haver cada vez mais pessoas descrentes na democracia e disse o que ser necessário para que as pessoas voltem a ter fé na política nacional. Isto porque, defende, "celebrar o 5 de outubro não é apenas voltar a fazer dele um feriado".
“Porque razão ainda tantos portugueses desconfia dos políticos e escolhem a abstenção?”, começou por questionar o Presidente da República, lembrando tudo aquilo que representa o dia 5 de Outubro.
“Considerando que isso nada tem a ver com o facto de “preferirem a monarquia”, Marcelo explicou:
“As razões da desconfiança têm a ver com cansaço com princípios vividos de menos. Cada vez que um responsável público se deslumbra com o poder, se acha o centro do mundo, alimenta clientelas, redes de influência… De cada vez que isso acontece aos olhos do cidadão comum é a democracia que sofre é o cinco de Outubro que empobrece”.
Posto, isto defendeu que “celebrar este dia não é apenas voltar a fazer dele feriado ou recordar 1910, mas sim dar o exemplo constante de humildade, proximidade, serviço aos outros mas com natural atenção aos mais pobres, carenciados, excluídos ou injustiçados”.
"106 anos depois, o 5 de Outubro está vivo e o essencial da sua mensagem ética não se esfuma no tempo", vincou.
Tal como estão vivos os princípios de que "todo o poder político é temporário, não se transmite por herança", é "limitado e sujeito a controlo por outro poder político e sempre pelo povo", acrescentou.
"Está vivo o princípio de que todo o poder político nasce do voto popular, deve preocupar-se com a proximidade relativamente à fonte de legitimação, cumpre uma missão ao serviço da comunidade, não é propriedade de ninguém, pessoa, família, clã, classe, partido, grupo cívico, religioso, cultural ou económico", disse, salientando que está igualmente vivo o princípio de que "todo o poder politico deve evitar confusão ou promiscuidade com poder económico".
E, continuou o Presidente da República, ao longo destes 106 anos a República foi também 'aprendendo', nomeadamente a juntar a correção das desigualdades à liberdade.
Tal como 'aprendeu' que separar as igrejas do Estado não é o mesmo que impor padrões que neguem a liberdade de crença e de religião ou que "a democracia sem autonomias regionais e locais, sem descentralização é uma democracia fraca".
"Aprendeu de que pouco vale a liberdade e a democracia se as comunidades que as integram num mundo cada vez mais global preferirem a guerra à paz, o sacrifício dos direitos à sua garantia, o arbítrio de alguns ao respeito de todos", vincou.
[Notícia atualizada às 12h40]
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