Na apresentação do seu novo livro, 'Jesus e a Política. Reflexões de um mau samaritano", reportada pelo jornal i, Paulo Rangel revela que a intenção da sua obra é colocar em causa a "ideia da legitimidade da dedução de uma dimensão política programática no ensinamento de Jesus".
Para o deputado social-democrata, a associação entre os ensinamentos católicos e as práticas políticas são "uma interferência ilegítima". Apesar de ser clara "a preocupação de Jesus com os mais fracos, os mais pobres, os mais desfavorecidos e rejeitados", Rangel lembra que "em momento algum se excluem ou afastam os ricos e poderosos".
"Jesus come frequentes vezes em casa de gente rica e/ou prestigiada na vida social daquele tempo - lembremos o convite do fariseu Simão em que a pecadora lava os pés de Jesus e os enxuga com os cabelos (...), a disposição de Jesus para ficar em casa de Zaqueu, que era chefe dos publicanos, ou então o diálogo paciente e ilustrativo com o jovem rico", exemplifica.
Na mesma obra, Paulo Rangel escreve que a mensagem de Jesus "não se circunscreve aos pobres e excluídos, num sentido puramente económico ou social, mas antes se orienta para todos sem exceção", lembrando que o cenário político se alimenta de exemplos "abrangentes e englobantes" para intensificar a propaganda.
"A proposta de Jesus dirige-se a cada um deles e a cada um de nós - a todos sem contemporizações nem exceções e, por isso, não convive facilmente com a segmentação e o fracionamento que, por definição, alimenta a tensão política", conclui.