Num jantar-comício com milhares de pessoas em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, pelo qual é cabeça de lista, Luís Montenegro deixou mais críticas ao partido liderado por André Ventura do que ao PS e ao seu secretário-geral, Pedro Nuno Santos, que também concorre por este círculo.
"Em bom rigor, os políticos do Chega não respeitam a vontade política das pessoas que votaram no Chega há um ano atrás. Os políticos do Chega têm uma atitude destrutiva, dizem mal de tudo e de todos", acusou.
Montenegro disse estar muito à vontade nesta crítica, uma vez que defendeu que o PSD não deveria fazer qualquer acordo com o partido liderado por André Ventura antes das legislativas de 2024.
"Eu acho que hoje toda a gente não só compreende como dá razão a quem definiu esta posição", considerou.
O líder do PSD defendeu que André Ventura, com 50 deputados, teve a oportunidade de mostrar que "era consequente com as suas ideias", mas optou por votar com o PS em várias matérias.
E deu dois exemplos: "O Chega votou com o governo para descermos mais o IRS para a a classe média? Não! Votou com o PS. No caso da imigração, propusemos a criação de uma unidade de estrangeiros e fronteiras na PSP e novas regras para o retorno daqueles que estão cá de forma ilegal, o que é que o Chega fez? Votou contra duas decisões que andou meses, se não mesmo anos a propor", criticou.
"Já disse na cara do presidente desse partido que é a mesma coisa ter um ou ter 50 deputados. É sempre a mesma decisão: falar mal de todos falar mal de todos, não acrescentar nada (...) Nem para eles são bons", afirmou.
Tal como tinha feito à tarde, em Paredes, o líder da AD voltou a concentrar parte do seu discurso na imigração, reiterando que "quem não cumprir as regras tem de ir embora", e defendeu que esta política protege também os imigrantes que estão no país legalmente.
O recandidato a primeiro-ministro deixou também dois apelos para as duas semanas que faltam até às legislativas antecipadas de 18 de maio.
Por um lado, aos que já tencionam escolher na AD, avisou que não "deixem de votar porque ninguém ganha as eleições pelas intenções de voto".
Para os indecisos ou para os que até votaram lá atrás no PS ou no Chega, Montenegro considerou que "não têm que concordar com tudo", bastando acreditarem "no caminho e capacidade de execução" do Governo AD.
"Se querem mesmo um governo estável, se querem mesmo acordar na segunda-feira e não ficarem arrependidos da opção que tomaram no domingo então têm de concentrar o voto naquela que é a força política que oferece condições de estabilidade", apelou.
Luís Montenegro defendeu que "Portugal é um país onde as pessoas estão fartas de eleições e querem que destas eleições saia um Governo com capacidade para governar quatro anos".
"Para conseguirmos executar o programa, para não andarmos a ter eleições todos os anos, para podermos ser julgados por aquilo que somos capazes de alcançar, temos de ir de rua em rua, de terra em terra construir a maioria: lembrem-se de uma coisa a maioria constrói-se dia a dia", apelou.
Na véspera do dia da Mãe, a mãe do primeiro-ministro esteve no jantar-comício, subiu ao palco e teve até direito a uma menção do candidato no discurso.
"Aproveito, porque também não é muito comum, para mandar daqui um beijinho - mais um - à minha mãe que está aqui hoje connosco e agradecer-lhe tudo o que nos transmitiu e dizer-lhe que ela está cada vez mais nova. Portanto, já viram a quem é que eu saio?", gracejou.
Além da mulher, que tem sido presença habitual na campanha, também os filhos do candidato estiveram hoje no comício do Europarque, próximo da residência da família, em Espinho.
No final do jantar e dos discursos políticos, o 'speaker' fez um anúncio inesperado aos milhares de presentes: "Luís Montenegro está disponível para tirar fotos com todos os que assim entendam, mas de forma tranquila. Há tempo para todos, estamos em casa".
No entanto, cerca de 10 minutos depois, fez uma correção ao anúncio, afirmando que a sessão fotográfica estava encerrada porque o candidato tem agenda no domingo de manhã em Bragança.
[Notícia atualizada às 23h43]
Leia Também: Ventura e Marcelo cruzam-se: "No dia 18, espero que seja ele a ligar-me"