Uma mulher, de 77 anos, que estava ventilada em casa, no Cacém, morreu durante o apagão de segunda-feira depois de o ventilador, que estava ligado à corrente elétrica, ter ficado sem bateria. O filho, António Casimiro, contou que a vítima dependia de um ventilador mecânico, ao qual estava ligada 24 horas por dia.
"Quando liguei para o INEM [a bateria] estava a 50%. A bateria gastou, meti o oxigénio e eles não apareceram. Disseram que já vinham, demoraram. Quando chegaram a minha mãe estava morta a olhar para mim", recordou, à RTP, António Casimiro.
Contactado pela estação pública, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) confirmou que recebeu a chamada às 15h52 e acionou a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) às 15h57. A equipa chegou ao local às 16h28, quando a idosa estava "já em paragem cardiorrespiratória".
"De acordo com a equipa da VMER, o tempo de deslocação deveu-se ao trânsito, que se encontrava muito condicionado", lê-se no comunicado do INEM citado pela RTP.
O filho da vítima contou que, antes do INEM, chegaram os bombeiros, que "pareciam baratas tontas porque o SIRESP não funcionava".
"O médico declarou o óbito e teve de ir à esquadra comunicar à polícia porque não havia comunicações do SIRESP. A minha mãe morreu a olhar para mim, a pedir ajuda. Senti-me impotente. Se não houvesse apagão a minha mãe estava viva", acredita o filho.
Para já, a família ainda não tem o resultado da autópsia nem sabe quando será o funeral.
O Ministério da Saúde anunciou esta quinta-feira que ordenou uma averiguação das circunstâncias da morte de uma mulher septuagenária que estava ventilada e que terá morrido, alegadamente, em consequência do apagão de segunda-feira.
Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou na segunda-feira, desde as 11h30, Portugal e Espanha.
Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.
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