António Filipe, que falava à agência Lusa no Seixal, no distrito de Setúbal, após uma reunião com a Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas realizada a seu pedido, recordou que estas representam 99 por cento do tecido económico nacional.
"A economia portuguesa é composta, na sua esmagadora maioria, por micro, pequenas e médias empresas e creio que elas são muito desfavorecidas pelas políticas públicas", disse, acrescentando que "se justifica, no plano das eleições presidenciais, haver uma atenção à economia portuguesa e àqueles que põem a economia a funcionar, as pequenas e médias empresas".
O candidato presidencial considerou que as políticas públicas são orientadas, sobretudo, para as grandes empresas, esquecendo que a maioria tem pequena ou média dimensão.
"Acho que se justifica que haja uma política, desigualmente em matéria fiscal e económica, que privilegie o apoio a estas empresas, porque elas sobrevivem com grandes dificuldades", frisou.
António Filipe classificou como "muito injusto" que a Confederação das Pequenas e Médias Empresas (CPPME) não faça parte do Conselho Económico e Social.
"É uma luta que eles têm vindo a desenvolver desde há vários anos e que ainda não teve vencimento, mas eu creio que era da mais elementar justiça que não houvesse, a nível do Conselho Económico e Social, confederações de primeira, que são as que representam as grandes empresas, e confederações de segunda, neste caso, as que representam as pequenas empresas", sustentou.
O candidato presidencial defendeu que uma confederação com a representatividade como a CPPME deveria não só fazer parte do Conselho Económico e Social mas também ter uma política fiscal que as favorecesse.
"Aquilo que tem acontecido no nosso país ultimamente, que se aposta na baixa do IRC, é algo que favorece fundamentalmente as muito grandes empresas e que não tem praticamente impacto sobre as pequenas e médias empresas", frisou.
Por outro lado o candidato presidencial considera que as pequenas e médias empresas, os pequenos e médios empresários, "identificam-se muito mais com os problemas dos próprios trabalhadores do que as grandes empresas" pelo que a sua participação no Conselho Económico e Social seria um fator de equilíbrio na composição desse conselho.
Para o presidente da CPPME, Jorge Pisco, embora um Presidente da República não tenha um papel legislativo, tem uma função de fiscalizador chamando a atenção para a importância das micro, pequenas e médias empresas.
"A Presidência da República tem um papel fundamental tendo em conta que o Governo não tem tido esse papel para com as micro, pequenas e médias empresas", disse defendendo que os governos têm que olhar para estas empresas porque elas geram 70% de riqueza nacional.
Jorge Pisco lamentou que, meses depois de o Governo ter tomado posse, a CPPME não recebeu sequer resposta aos pedidos de audiência solicitadas aos ministérios do Trabalho, da Justiça e da Economia.
"Têm que ouvir as empresas, porque nós temos propostas concretas e não é fazer de conta que têm que nos ouvir porque nós temos propostas e estamos disponíveis", frisou.
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