José Pacheco Pereira, analisou, na noite deste domingo, a questão da imigração, no programa ‘Princípio da Incerteza’, tendo sido questionado sobre a sua posição acerca da nova lei da nacionalidade apresentada pelo governo da AD.
Para o comentador político, a questão da nacionalidade não era uma prioridade do programa do Governo mas acabou por tornar-se porque “o Chega teve uma grande vitória política de há uns anos para cá”. Este facto, defende Pacheco Pereira tem dois lados.
Se por um lado, apontou um lado negativo, que é o facto de “o Governo da AD ter dado prioridade a que uma questão que não tem a importância que tem”. Por outro, foi uma lição para a Esquerda.
“Deu uma bofetada de luva branca ao Partido Socialista e aos partidos de Esquerda que ignoraram durante muito tempo um problema que era a imigração maciça, sobretudo quando ela colidia não só com a nossa paisagem urbana, mas também com a diferenciação social que a população portuguesa tem dificuldade em aceitar”, especificou o historiador.
Em relação a este último ponto, considerou mesmo que a Esquerda “está a pagar muito caro” por duas questões, que são a imigração e a segurança, ponto de vista que fez Alexandra Leitão, também presente no painel de comentadores do programa da CNN, torcer o nariz.
“A cegueira em relação ao que se esta passar é no fundo o de viverem num terreno que nem é verdadeiramente ideológico, porque há muito tempo que não têm ideologia, têm mais oportunidade do que ideologia e fechou os olhos a problemas que afetam os mais pobres, os problemas dos que têm de viver ao lado", disse.
O comentador admitiu que “não somos um país em que se olhe para o outro e temos demónios à solta” e, portanto, defende que “quem colocou esta matéria no sítio errado mas com problemas certos foi o Chega”, obrigando o Governo a fazer “um upgrade” ao tema.
Relativamente às questões específicas da nova Lei da Nacionalidade, Pacheco Pereira disse não “achar que seja escandaloso agravar as circunstâncias em que se obtém a nacionalidade, já sou mais sensível à forma como elas se possam perder"
"Que haja condições para acesso à cidadania, estou de acordo", considerou, mostrando-se, porém, contra a perda do "agrupamento familiar" e contra "a hipocrisia dos vistos Gold", medida que dá a entender que "quem tem dinheiro, compra a nacionalidade".
Recorde-se que o Governo português anunciou, na passada segunda-feira, novas alterações à Lei da Nacionalidade, que incluem a criação de uma Polícia de Fronteiras e a exigência de bons conhecimentos na língua portuguesa. As mudanças visam estabelecer uma 'ligação robusta' ao país, mas diz cumprir com "o compromisso do humanismo", defendeu o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.
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