Henrique Gouveia e Melo, candidato à Presidência da República e ex- Chefe do Estado-Maior da Armada, defendeu, esta segunda-feira, que Israel "não deve cair na tentação de tentar mudar o regime" do Irão.
Em declarações à CNN Portugal, Gouveia e Melo comentou a atual situação no Médio Oriente e considerou que "Israel está a fazer uma ação preventiva face à potencial ameaça nuclear iraniana" e "contra os mísseis balísticos do Irão".
"Deve ficar por ai, na minha opinião, não deve passar disso, porque isso é defensivo. Não deve cair na tentação de tentar mudar o regime ou fazer uma alteração de regime. Isso já não era defensivo, era uma medida ofensiva", defendeu.
Quanto ao envolvimento direto dos Estados Unidos no conflito, o candidato presidencial defendeu que o país ajudou "um grande aliado, para uma ameaça que era comum".
"Às vezes, esquecemo-nos de que nas nossas parcerias estratégicas e nas nossa alianças não podemos ter só coisas boas, que é a proteção que a aliança nos dá. Às vezes, temos de pagar, de alguma forma, a colaboração dentro dessa aliança", sublinhou.
Recorde-se que Israel lançou a 13 de junho uma ofensiva sobre o Irão, argumentando que o avanço do programa nuclear iraniano e o fabrico de mísseis balísticos por Teerão representam uma ameaça direta à sua segurança.
Desde então, aviões israelitas atacaram uma série de infraestruturas estratégicas, incluindo sistemas de defesa aérea, instalações de armazenamento de mísseis balísticos e as centrais nucleares de Natanz, Isfahan e Fordo, e foram também eliminados comandantes da Guarda Revolucionária, chefes dos serviços secretos e cientistas ligados ao programa nuclear iraniano.
As autoridades de Teerão indicaram que os bombardeamentos já fizeram pelo menos 400 mortos e 3.056 feridos, ao passo que o governo israelita informou que os mísseis lançados pelo Irão em retaliação causaram a morte de 24 pessoas e ferimentos em 1.272, em território israelita.
No sábado, o conflito assumiu uma nova dimensão com a entrada dos Estados Unidos na guerra, bombardeando as três principais instalações envolvidas no programa nuclear do Irão, entre as quais a unidade de Fordo, com capacidade de enriquecimento de urânio a 60%, segundo os especialistas, e com Trump a ameaçar o regime teocrático de Teerão de mais ataques, se "a paz não chegar rapidamente". A operação norte-americana que devastou o programa nuclear iraniano resultou de meses de preparação e não visou militares nem a população civil do Irão.
Objetivo "não é a mudança de regime, mas pode ser a consequência"
Hoje, o governo israelita indicou que o objetivo dos ataques ao Irão "não é a mudança de regime, mas pode ser a consequência", dando o exemplo do que aconteceu em dezembro passado na Síria.
Em conferência de imprensa com meios de comunicação social internacionais, o porta-voz do executivo, David Mencer, sustentou que o povo iraniano é "vítima do regime" de Teerão e não um inimigo de Israel.
"Agora têm a oportunidade de ultrapassar o medo que o regime iraniano lhes incutiu, porque acreditamos que o regime iraniano teme mais o seu próprio povo do que Israel", afirmou.
As declarações do porta-voz vêm no mesmo sentido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que no domingo referiu que a ofensiva contra o Irão "não terminará em breve nem durará muito", mas apenas quando as metas de Israel forem alcançadas.
No mesmo dia, note-se, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e também se referiu a uma "mudança de regime" em Teerão.
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