"Preocupa-me o afastamento das pessoas da política, que é refletido pela subida, neste caso, de um partido da extrema-direita [Chega] e, portanto, essa subida desse partido da extrema-direita deve fazer-nos refletir sobre porque é que aconteceu, porque é que há este afastamento das pessoas em relação à política?", disse Carlos Moedas à agência Lusa, à margem da cerimónia dos 630 anos do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa.
Apesar da preocupação manifestada, o autarca do PSD afirmou que o resultado das eleições legislativas de domingo "foi claro": "As pessoas querem este Governo [PSD/CDS-PP] e, sobretudo, querem este primeiro-ministro [Luís Montenegro (PSD)] e, portanto, é uma vitória claríssima da AD".
A AD venceu as eleições legislativas de domingo, com 89 deputados, enquanto PS e Chega empataram no número de eleitos para o parlamento, com 58 cada. A IL conseguiu nove deputados, o Livre seis, a CDU (PCP/PEV) três, e BE, PAN e JPP um cada. Estes resultados não incluem ainda os eleitores residentes no estrangeiro, cuja participação e escolhas serão conhecidas a 28 de maio.
"Neste momento, eu penso que os portugueses olharam para a estabilidade, quiseram estabilidade e quiseram este primeiro-ministro, e bem, e, portanto, é uma grande vitória para a AD dentro daquilo que é hoje o contexto político, com o crescimento dos extremos, mas, neste caso, da extrema-direita e, portanto, agora o país pode ter essa estabilidade", declarou o social-democrata Carlos Moedas.
Sobre a governabilidade do país, uma vez que a AD não teve maioria absoluta, o autarca do PSD remeteu para a responsabilidade dos partidos que foram eleitos, em particular do PS e do Chega, afirmando que as regras do sistema democrático passam pelo diálogo entre o partido que governa e os que estão na oposição.
"Tem de haver responsabilidade em relação àquilo que foi o que o povo quis, que é este Governo, com a base programática deste Governo, e que os outros devem respeitar", reforçou, referindo que todos os países europeus têm vivido situações em que não há maiorias absolutas.
Carlos Moedas reforçou ainda que a AD aumentou o número de deputados nestas eleições, para 89: "Agora tem uma maioria clara e, a partir daí, os partidos têm de chamar a si as responsabilidades, seja o Partido Socialista pela sua história, um partido fundador da democracia, que terá de repensar [...], e o Chega também tem de pensar qual é a sua função".
Relativamente ao Chega, o autarca social-democrata sublinhou a posição "muito clara" da AD em relação a "não ter alianças com os extremos", afirmando que o PSD tem sido "o partido da moderação, o partido que tem trazido aos portugueses essa estabilidade e essa moderação, que é o que os portugueses querem".
Em relação às próximas eleições autárquicas, que ocorrerão entre setembro e outubro deste ano, Carlos Moedas indicou que "as eleições autárquicas são muito diferentes das eleições legislativas, as eleições autárquicas são feitas de trabalho, são feitas daquilo que as pessoas veem, os presidentes da câmara, a sua proximidade, a sua capacidade de resolver problemas e, portanto, é nessa base que normalmente são avaliados os autarcas".
"Eu, neste momento, não sou candidato [às próximas eleições autárquicas], sou presidente da câmara. Se o for, terei todo o gosto, depois em responder a mais perguntas sobre isso", indicou.
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