Em declarações aos jornalistas após uma ação de campanha na associação Sociedade Protetora dos Animais, em Lisboa, Inês de Sousa Real considerou que a deputada e candidata Cristina Rodrigues está acusada de crimes cometidos dentro do parlamento, acrescentando que isso deveria ser "suficientemente grave" para o líder do Chega "cumprir aquilo que diz e exige às outras bancadas".
"Só vem revelar, mais uma vez, a hipocrisia do Chega, e que o Chega deve um pedido de desculpa aos portugueses, porque captura a sua indignação e captura a sua insatisfação em relação aos problemas do país, mas depois não só tem dentro da sua bancada pessoas com problemas ao nível da justiça, como também e até com crimes bastante mais graves", acrescentou.
A porta-voz do PAN reagia ao início do julgamento de Chega Cristina Rodrigues no processo em que é acusada pelo "apagão informático" no PAN em 2020, quando foram apagados e-mails de dirigentes do partido do qual chegou a ser deputada.
Sousa Real acusou ainda André Ventura de difundir uma mentira ao sugerir que houve um "intuito persecutório contra Cristina Rodrigues", explicando que a queixa apresentada pelo seu partido foi contra desconhecidos, depois de "um apagão feito nas contas de e-mail do PAN".
A líder do PAN disse confiar na Justiça, sublinhando as provas recolhidas no parlamento pelo Ministério Público e a Polícia Judiciária, e acrescentou que "cada voto no Chega é estar a pagar um partido que quer ser do sistema, quer estar dentro do sistema e usar todos os benefícios do mesmo".
No despacho de acusação, de 2022, o Ministério Público (MP) classificou como "muito elevada" a "ilicitude da conduta" de Cristina Rodrigues, embora considere não lhe dever ser aplicada pena superior a cinco anos, atendendo a que não tem antecedentes criminais.
Cristina Rodrigues, que agora é deputada do Chega na Assembleia da República e que se recandidata pelo partido nas listas do Porto, é acusada de um "crime de dano relativo a programas ou outros dados informático", em coautoria com a ex-funcionária do PAN Sara Fernandes, e de um "crime de acesso ilegítimo" aos ficheiros informáticos do partido.
Na terça-feira, o presidente do Chega afirmou que a inclusão de Cristina Rodrigues na lista de candidatos a deputados foi uma "decisão ponderada" e procurou distanciar o processo em que é acusada de casos que envolvem protagonistas do PSD.
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