À entrada para o almoço com vários ex-líderes do PSD para assinalar os 51 anos do partido, na sede nacional, Passos Coelho disse não querer "intervir no desenrolar da campanha eleitoral" nem pronunciar-se sobre temas da ordem do dia, dizendo pretender apenas fazer "uma brevíssima reflexão".
"O meu desejo profundo é que, nestes anos que temos por frente, o PSD possa fazer pleno jus à sua tradição reformista em Portugal. O mundo inteiro vive tempos de transformações muito grandes, de grandes incertezas, quer ao nível da segurança e da defesa, quer ao nível económico e político, e isso ainda acentua mais a importância de tratar de relevar reformas importantes que o país ainda precisa de fazer para superar vulnerabilidades estruturais que ainda são manifestas", alertou.
Para o antigo primeiro-ministro, tal exige "evidentemente, estabilidade política", mas não apenas: "É preciso que exista, verdadeiramente, um espírito reformista que possa estar ao serviço dessa estabilidade", disse, sem nunca responder se a AD ou Luís Montenegro têm essas características.
"É importante que o país não se alheie do que está a acontecer no mundo e se vá preparando para o que aí vem. E isso vai exigir estas duas coisas nestes próximos anos", reiterou Passos, que há um ano participou numa ação de campanha da AD em Faro.
Passos Coelho foi um dos últimos ex-líderes do PSD a chegar à sede nacional do partido, em Lisboa, e ao mesmo tempo que Pedro Santana Lopes.
Perante as muitas perguntas dos jornalistas, não quis ir além da reflexão sobre a necessidade de reformismo e de atenção à incerteza mundial.
"O resto deixo para o líder do PSD, para a campanha eleitoral e para os portugueses que vão ter de ponderar o que fazer nos próximos anos", afirmou, apenas.
Ainda sobre a importância da estabilidade, o antigo líder do PSD entre 2010 e 2018 salientou que durante anos existiu estabilidade política em Portugal, numa referência implícita aos Governos do PS liderados por António Costa, mas defendeu que não estiveram "ao serviço de nenhuma agenda transformadora".
"Na verdade, o país podia ter feito transformações e reformas em tempos mais favoráveis, como aqueles que vivemos até à pandemia", criticou.
Por isso, repetiu as duas características que considera essenciais para o desenvolvimento do país.
"Estabilidade, que é uma condição que é necessária, para a qual os eleitores podem dar uma contribuição importante através das suas escolhas; mas também reformismo, que é aquilo que os líderes, os partidos, os políticos têm de fazer. As duas coisas são essenciais para os próximos anos", afirmou.
O PSD junta hoje quase todos os ex-líderes do partido num almoço na sede nacional no dia em que os sociais-democratas assinalam 51 anos, numa ocasião em que só não estarão presentes, por razões de saúde, Francisco Pinto Balsemão e Rui Machete e, por se encontrar fora no país numa conferência, Durão Barroso, que enviará uma mensagem.
Além de Passos Coelho, participam neste almoço Cavaco Silva, Luís Marques Mendes, Manuela Ferreira Leite, Fernando Nogueira, Luís Filipe Menezes e Pedro Santana Lopes.
Luís Montenegro preside ao PSD desde 28 de maio de 2022 e foi reeleito para novo mandato de dois anos em 06 de setembro de 2024.
O Partido Popular Democrático (PPD) foi fundado em 06 de maio de 1974, tendo sido registado no Supremo Tribunal de Justiça em 25 de janeiro de 1975.
[Notícia atualizada às 14h12]
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