"As pessoas não se deixam enganar por eleitoralismo. O Chega esteve um ano sozinho, praticamente, no parlamento, a dizer que é preciso controlar a imigração, que estávamos a atingir números impossíveis de sustentar para o país", afirmou o líder do Chega em declarações aos jornalistas na feira agropecuária Ovibeja, que está a decorrer em Beja.
André Ventura disse que "o PSD não aceitou isso" e inviabilizou propostas do seu partido, como a introdução de quotas à entrada de imigrantes ou a realização de um referendo, mas agora, a duas semanas das eleições, "vem dizer que afinal o Chega tem razão".
"Vir falar disto é uma piada de mau gosto, é eleitoralismo de mau gosto, mas sobretudo é gozar com um tema sério. E eu acho que as pessoas já não se deixam enganar e no dia 18 saberão que só houve um partido e um líder que quiseram efetivamente controlar a imigração e que se comprometem a fazer um controlo, não contra os imigrantes, mas um controle de uma imigração regulada, que permita ajudar o país, mas sem destruir o país. E sabem que esse político sou eu, não é Luís Montenegro", defendeu.
O presidente do Chega considerou que "ficou bem claro o quanto o Governo está a brincar com a situação da imigração", pois "não quis controlar, não quis fiscalizar, não quis recuperar aquilo que tinha sido feito pelo PS, a extinção do SEF, e agora a 20 dias das eleições vem dizer uma coisa que é absurda, no sentido em que sabe que isto já devia ter sido feito há muito tempo, com muito mais força".
"Nós temos um processo de regularização de meio milhão de imigrantes, temos 120 mil que sabemos agora que entraram sem ser verificado o seu cadastro criminal, o Governo não fez nada por isso e, agora, a 18 dias ou 20 dias das eleições vem-nos falar de 18 mil imigrantes" que serão notificados nas próximas semanas para abandonar o país, criticou.
"Nós devíamos estar a expulsar toda a gente que não verificámos o cadastro criminal, e toda a gente que entrou ilegalmente em Portugal", sustentou, defendendo que Portugal precisa de uma "política de fronteiras".
Ventura defendeu que é preciso "controlar a sério as fronteiras e a imigração", e afirmou que PS e PSD fizeram apenas "uma fantochada de controlo".
"Ficou muito por fazer, e nós vamos fazer", prometeu.
O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, confirmou hoje que a Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) vai começar a notificar 4.574 cidadãos estrangeiros, na próxima semana, para abandonarem o país voluntariamente em 20 dias.
O ministro acusou também PS e Chega de terem rejeitado propostas que permitiriam acelerar processos de afastamento coercivo.
Em resposta, o presidente do Chega afirmou que "só pode ser piada".
"O Chega propôs ao PSD aprovar um regime de estrangeiros, efetivamente, que acabasse, por exemplo, com estes vistos de residência de curta duração que estão a ser o nosso problema, que é qualquer pessoa entra, diz que vem à procura de trabalho, em relação à CPLP, por exemplo, e fica cá, e depois regulariza-se. Ora, isto é um chamariz à imigração ilegal. O PSD quis mudar isto? Não", sustentou.
[Notícia atualizada às 19h05]
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