Imigração? Montenegro diz que Portugal "tinha balbúrdia instalada"

Declarações do chefe de Governo, Luís Montenegro, surgem numa altura em que o Executivo confirmou a emissão de 4.574 notificações para abandono do território nacional de cidadãos estrangeiros em situação ilegal, que fazem parte de um primeiro grupo de 18 mil indeferimentos já decididos.

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Notícias ao Minuto com Lusa
03/05/2025 19:00 ‧ há 11 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

País

Imigração

O líder da AD, Luís Montenegro, discursou este sábado num comício em Paredes, no distrito do Porto, onde abordou o tema da imigração, que tem estado em cima da mesa nas últimas horas, depois de o Governo anunciar as milhares de notificações para estrangeiros em situação ilegal, das quais mais de 4.500 já estão em andamento.

 

Numa intervenção na qual também abordou a economia e a importância da valorização do trabalho, Montenegro falou da rejeição de uma política de imigração de "portas escancaradas."

"A pobreza combate-se criando riqueza", atirou, defendendo não só a retenção dos jovens no país, mas também a captação no estrangeiro "alguma força de trabalho que nos dê competitividade para sermos economia produtiva, que cria riqueza."

"Há um ano prometemos e dissemos na campanha eleitoral: 'Portugal precisa de mais recursos humanos'", recordou, apontando que era necessária "dignidade" no acolhimento.

Considerando que há um ano Portugal tinha "a balbúrdia instalada no setor da imigração", Montenegro lembrou que a política da AD era a de "querer mais regulação, para poder mais humanista."

"Para quem já se esqueceu: tínhamos, há um ano, 400 mil processos pendentes de pessoas que tinham vindo para Portugal e que tinham feito uma coisa muito simples, manifestado interesse em vir", disse, criticando de seguida: "Vejam bem o sistema que tínhamos: alguém manifesta o interesse e a porta abre-se automaticamente. Onde estão essas pessoas? Que vieram fazer? Como foram integradas? O Estado sabia sobre isso zero."

"O grande apagão que houve em Portugal foi mesmo a inexistência de uma política de imigração", acusou o presidente do PSD, numa das críticas que fez aos executivos do PS.

Depois, neste contexto, procurou deixar uma garantia: "Aqueles que não cumprirem as regras e estiverem em Portugal de forma ilegal, temos de os fazer regressar à sua origem".

"Só há regulação se as pessoas sentirem que o não cumprimento das regras tem uma consequência. Pelo contrário, se não cumprir as regras for igual a cumprir as regras, como aconteceu nos últimos anos, então mais vale a toda a gente não cumprir as regras, porque a consequência é a mesma", justificou Luís Montenegro.

Montenegro responde às críticas

No seu discurso, o líder social-democrata também criticou declarações hoje proferidas pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que defendeu que existe uma continuidade da política da AIMA relativamente à imigração ilegal.

"Aqueles que dizem que a AD não está a fazer mais do que continuar o que estava a fazer o Governo do PS, apenas podemos dizer que já está encontrada a maior anedota desta campanha eleitoral", comentou.

Luís Montenegro disse ser capaz de perceber aqueles que mudam de opinião ou "aqueles que há uns meses defendiam a manifestação de interesse e agora já dizem que afinal era um mecanismo que não funcionava na estratégia de regulação da imigração".

"Mas, para aqueles que não são capazes de ver o que é uma coisa e o seu contrário, então só posso mesmo ter vontade de rir. Não há outra forma de o dizer. Só que isto não é uma brincadeira", completou.

A seguir, também sobre política de imigração, o presidente do PSD atacou o Chega.

"Aqueles que dizem que está tudo na mesma, como o Chega, é preciso dizer que é pura e simplesmente mentira. O Chega só tem um propósito, dizer mal de tudo, tem um propósito destrutivo", afirmou.

Mas Luís Montenegro foi mais longe e falou sobre alguns eleitores que optaram pelo voto no partido de André Ventura nas últimas eleições legislativas.

Segundo o presidente do PSD, alguns eleitores terão sido sensíveis ao facto de o Chega defender uma política de imigração que, embora mais radical do que a do atual Governo, "correspondia a um sentimento que era uma preocupação dessas pessoas".

"Essas pessoas entendiam que as portas completamente escancaradas não eram solução de futuro para Portugal. E, portanto, essas pessoas acreditaram no Chega e votaram no Chega", sustentou.

Passado um ano, no entanto, na perspetiva do primeiro-ministro, essas pessoas que votam no Chega podem observar "a sua grande preocupação, ainda que não tão radicalizada, está cumprida com regras e regulação".

"E olham para o partido no qual votaram há um ano [o Chega] e os dirigentes desse partido dizem que está tudo na mesma, mas não está. Esse partido é radical na proposta e é radical também na análise da situação. É radical porque mentir é uma expressão de radicalismo", acrescentou.

As autoridades portuguesas estimam em 1,6 milhões o número de estrangeiros residentes em Portugal em 2024, segundo o relatório intercalar da recuperação de processos pendentes na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), divulgado no início de abril.

Este sábado, o Governo, pela voz do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, confirmou que estão a ser emitidas, por parte da AIMA, 4.574 notificações para abandono do território nacional de cidadãos estrangeiros em situação ilegal, que fazem parte de um primeiro grupo de 18 mil indeferimentos já decididos.

Após a situação, partidos criticaram o anúncio do Governo, considerando que se tratava de "campanha" e "disputa" de votos com Chega.

Leia Também: AO MINUTO: "Pobreza combate-se com riqueza"; SIRESP, "grande negócio?"

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