"Vamos fazer por todo o país o caminho pelo ambiente, vamos visitar não só zonas que possam estar ou com problemas ambientais, como é o caso aqui, ou também com projetos de requalificação", explicou a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, em declarações à Lusa.

A deputada considerou que, se por um lado, tem existido "uma inércia" em matéria ambiental das autoridades, como o Governo e autarquias locais, por outro a sociedade civil e as associações no terreno "têm tido um papel importantíssimo".

"Arrancamos hoje aqui em Gondomar, mas a ideia do PAN é fazer este caminho por todo o país e mostrar o que de bom e mau temos em matéria ambiental", disse.

Hoje de manhã, Inês Sousa Real visitou o parque das serras do Porto, junto ao antigo complexo mineiro de São Pedro da Cova, onde ainda existem detritos e resíduos da exploração mineira, tendo-se reunido em seguida com a associação ambientalista Íris.

"Preocupa-nos que esta situação já se arraste há demasiados anos sem que haja uma solução para esta zona. Era fundamental uma requalificação e a transformação num parque urbano para compensar as populações dos danos ambientais que já sofreram", disse, alertando que existe uma área florestal que "ou é agora recuperada ou pode haver um ponto de não retorno".

A remoção dos resíduos perigosos depositados há mais de 20 anos em São Pedro da Cova ficou concluída em julho de 2022, representando um investimento de quase 30 milhões de euros, tendo beneficiado de financiamento, em momentos e fases distintas, dos Fundos Europeus e do Fundo Ambiental.

Ao todo, a operação, iniciada em 2014, procedeu à remoção de mais de 292 mil toneladas de resíduos perigosos, provenientes da Siderurgia Nacional e depositados nas escombreiras das antigas minas de São Pedro da Cova, em Gondomar, entre 2001 e 2002.

"De acordo com um estudo da Faculdade de Ciências, já não haverá um potencial de contaminação, pelo menos para os lençóis de água subterrâneos, mas não existe um projeto para requalificar a zona", lamentou Inês Sousa Real.

O "caminho pelo ambiente" do PAN deverá prosseguir após a discussão do Orçamento do Estado na Assembleia da República -- que se estenderá até final de novembro -, com a deputada única a deixar algumas dúvidas sobre as preocupações ambientais com que o Governo tem justificado a proposta de aumento do Imposto Único de Circulação (IUC) para os veículos mais antigos.

"Sob a égide da preocupação ambiental, não se pode atingir quem menos tem, os mais desfavorecidos, sobretudo quando o Governo continua a financiar os combustíveis fósseis e aumenta em 25% as isenções no imposto sobre produtos petrolíferos (ISP)", considerou, defendendo o aumento da verba prevista para a conservação da natureza.

Por isso, a deputada do PAN sugere que, tendo em conta o contexto social, o Governo "deve começar por retirar benefícios a quem mais polui e mais lucra" e aumentar a aposta na ferrovia, nos transportes públicos e no alargamento da sua gratuitidade.

"Atacar os mais vulneráveis é um caminho muito fácil e para o PAN não é esse o verdadeiro caminho da sustentabilidade", criticou.

Inês Sousa Real visitará ainda hoje as associações da defesa da causa animal, Animais da Quinta e VivaAnimal, e o Museu da Filigrana, "como valorização e contacto com o património cultural e material do concelho" de Gondomar.

Leia Também: "São todos muito amigos dos animais [...], já na hora de votar..."