Defesa? Presidente da República "tem revelado grande insensibilidade"
Ana Gomes, antiga eurodeputada socialista, lamentou os salários pouco atrativos do setor militar.
© Global Imagens
Política Defesa
A antiga eurodeputada do Partido Socialista Ana Gomes argumentou, esta sexta-feira, que o Presidente da República é "uma das pessoas que tem revelado grande insensibilidade" no que toca ao setor da Defesa Nacional, sendo "particularmente grave porque é Comandante Supremo das Forças Armadas".
"Esta era uma questão que devia estar na agenda do Conselho de Estado que acabou de anunciar. Este é o tipo de questão que devia ser discutida no Conselho de Estado como preparação da opinião pública para medidas sensíveis que mudem isto, que ouçam os militares", disse, em declarações à SIC Notícias.
No seu espaço de comentário, Ana Gomes defendeu que "é preciso de ter a coragem política" de explicar aos cidadãos que o setor da Defesa "tem de pagar salários razoáveis, de acordo com a função e as necessidades, porque, se não, as pessoas são desviadas para o privado". Comentava a socialista as notícias avançadas pelo jornal Expresso, que davam conta, entre outras informações, que há praticamente dois chefes por cada soldado nas Forças Armadas portuguesas.
"O que estamos a ver hoje é que muitas das pessoas que vão aprender e desenvolver as suas capacidades nas várias áreas Forças Armadas rapidamente vão para o privado onde ganham muito melhor. Temos de pagar bem", defendeu.
Ana Gomes recordou ainda os seus tempos de eurodeputada, em que falava frequentemente com o sargento Lima Coelho, atualmente presidente da Associação Nacional de Sargentos, e que "uma das queixas que tinha era que os ministros de diversos Governos não o recebiam".
Destruição das Forças Armadas
"Nas últimas décadas, houve uma destruição das nossas Forças Armadas e uma delapidação", atacou ainda, criticando as alegadas redes de corrupção no setor. Mais, Ana Gomes recordou o polémico caso da compra de submarinos em 2004, em que o contrato terá sido conseguido, alegadamente, através de subornos e negócios que envolviam corrupção.
Ana Gomes sugeriu que a rede suspeita na operação 'Tempestade Perfeita' "é, quase, pequena, em comparação com a corrupção em larga escala que esteve envolvida, por exemplo, na compra de submarinos".
"Não é a compra de submarinos que ponho em causa, é o esquema de desvio de recursos públicos, que foi, por exemplo, para as comissões", continuou.
A antiga eurodeputada não poupou nos seus ataques, acusando "uma cumplicidade transversal no setor partidário que foi Governo ao longo das últimas décadas e uma cumplicidade da própria Justiça quando, por exemplo, seguiu ordens e arquivou um processo tão emblemático como o dos submarinos ou a privatização dos estaleiros navais de Viana do Castelo".
"No fundo, demonstram impunidade e que o crime compensa, à conta dos recursos do Estado e da Defesa, em que o Estado não devia abdicar do controlo estratégico", concluiu.
Leia Também: Lei de programação militar entrou hoje em vigor
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com