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Parlamento saúda centenário da dirigente comunista Alda Nogueira

O parlamento aprovou hoje um voto de saudação pelo centenário do nascimento de Alda Nogueira, antiga militante e dirigente do PCP e deputada à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República.

Parlamento saúda centenário da dirigente comunista Alda Nogueira
Notícias ao Minuto

15:29 - 24/03/23 por Lusa

Política Alda Nogueira

O voto de saudação, apresentado pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, foi aprovado por unanimidade, e a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, deixou algumas palavras evocativas.

"Desde cedo abraçou a luta contra o fascismo pela liberdade e pela democracia, pela igualdade, emancipação social e paz. Foi uma das grandes construtoras de Abril", afirmou, destacando o seu "percurso ímpar de enorme riqueza, de muito sacrifício e abnegação".

Para Paula Santos, Alda Nogueira teve "o percurso de uma lutadora", que foi o percurso de "tantas e tantas corajosas mulheres comunistas e democratas, que nas mais duras condições de repressão da ditadura fascista, não se conformaram nem se resignaram".

"O legado que nos deixa é uma inspiração para as mulheres do nosso país, na luta presente pela efetiva igualdade na lei e na vida", afirmou, tendo sido aplaudida por BE, PS e PCP,

O voto de Santos Silva recorda que, no passado dia 19 de março, completaram-se 100 anos sobre o nascimento de Alda Nogueira, militante e dirigente do Partido Comunista Português, resistente antifascista e deputada à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República.

Filha de operários, Maria Alda Nogueira formou-se em Físico-Químicas, área em que foi professora e investigadora.

"Os tempos na Faculdade de Ciências, em Lisboa, contribuem decisivamente para definir a vida de Alda Nogueira, avultando o seu ativismo em associações de mulheres e a sua entrada e participação ativa nas estruturas organizativas comunistas", salienta o voto de Santos Silva.

O texto refere que, militante no PCP desde 1942, "dedicou, com grande coragem, parte importante da sua vida à luta pelos direitos das mulheres e à resistência à ditadura, o que a levaria, no final dos anos 40, à clandestinidade".

Integrando o Comité Central do PCP, acabaria por ser detida, em 1959, pela polícia política do regime fascista, a PIDE.

"Num julgamento que não respeitou princípios elementares de justiça ("uma farsa", como tantos outros, diria Alda Nogueira mais tarde), foi a primeira mulher em Portugal a ser condenada por motivos políticos à pesada pena de oito anos (passaria, na realidade, nove anos e três meses na prisão)", assinala-se.

Com o 25 de Abril, regressa a Portugal (exilara-se, entretanto, no estrangeiro), sendo eleita deputada para a Assembleia Constituinte de 1975 e, depois, para as primeiras quatro legislaturas da Assembleia da República, "onde deu continuidade à sua luta em prol da igualdade e da dignidade da mulher, nomeadamente enquanto Presidente da Comissão Parlamentar da Condição Feminina".

Em 1988, Alda Nogueira foi condecorada com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República e veio a falecer em 1998, aos 74 anos, existindo, no claustro do Palácio de São Bento, um busto em pedra a recordá-la como "uma das insignes parlamentares do regime democrático".

Na quinta-feira, o presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, estiveram juntos numa homenagem a Alda Nogueira.

Na cerimónia que decorreu no Claustro do Palácio de São Bento, e em que também marcou presença o ex-secretário-geral comunista Jerónimo de Sousa, Paulo Raimundo defendeu que a "democracia e a liberdade devem muito, e devem tudo, aos seus construtores".

Por sua vez, Santos Silva lembrou a "incansável defesa dos direitos das mulheres" na atividade política e profissional de Alda Nogueira e destacou o seu papel enquanto "resistente antifascista".

"Só há democracia em Portugal hoje porque houve resistência contra o fascismo, (...) que lutou com um grave prejuízo pessoal e familiar, mas lutou incansavelmente para que a ditadura fosse superada e para que a democracia fosse construída. O 25 de abril não seria possível sem a resistência antifascista", referiu.

Leia Também: Santos Silva e Paulo Raimundo juntos em homenagem a Alda Nogueira

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