O antigo secretário-geral do (PSD) Miguel Relvas considerou, na quarta-feira, que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, levou a cabo um ataque "inaceitável" contra responsáveis do PSD no âmbito das polémicas em torno da imigração.

"[Marcelo] tirou o fato de Presidente da República e vestiu o fato de comentador e arranjou um clima de querer atacar - e atacou - diretamente o presidente do PSD de uma forma inaceitável, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa", afirmou durante o programa Crossfire, emitido na CNN Portugal

Depois de Marcelo ter deixado um 'aviso' sobre a forma como se deve falar quando o assunto é imigração - dizendo que é precisa frieza para evitar discursos populistas -, tanto Luís Montenegro como Carlos Moedas responderam ao Presidente. Recorde-se que Marcelo, durante o seu discurso, ainda deixou uma 'farpa' ao líder do PSD, indicando que, em discursos populistas, "a cópia perde sempre para o original".

Quanto à resposta do autarca, Relvas considerou que este respondeu "muito bem". "Não é filho de uma elite do antigo regime. Foi um emigrante que veio da classe mais baixa e foi estudar. Ele vive numa família de imigrantes", apontou, referindo-se, numa primeira instância, ao cargo do pai de Marcelo Rebelo de Sousa, que foi político durante o Estado Novo.

Já quanto ao presidente do PSD, o comentador deixou um conselho. "Se Montenegro quer ser primeiro-ministro, conviva pouco com o Presidente da República. Siga o seu caminho e as suas políticas", avisou, considerando ainda que Portugal precisava de um Presidente "mais recatado, que vá para o Palácio de Belém e faça o que os seus antecessores fizeram".

"Se houve houve partido em Portugal que foi sempre universalista, que teve uma visão com os países de língua portuguesa, se abriu a África, aceitou a imigração, [foi o PSD]. Foi sempre o partido mais votado nos imigrantes. O PSD não recebe lições de ninguém sobre essa matéria", rematou.

Igreja Católica

O comentador notou ainda que tinha sido "um dia difícil" para Marcelo Rebelo de Sousa, dado que tinha sido conhecido "o relatório da situação trágica - e vergonhosa - dos crimes dentro da Igreja". O ex-líder social-democrata lembrou que neste âmbito se tinha tornado público que um dos "momentos menos bons" do chefe de Estado tinha servido como motor para, pelo menos, uma das denúncias.

"'Um dos jovens veio dizer? 'Só resolvi falar porque vi o Presidente da República a querer desvalorizar este processo'", notou Relvas, referindo-se às polémicas declarações de Marcelo, quando, em outubro, caracterizou os cerca de 400 casos já denunciados à Comissão responsável como "não particularmente elevados".  

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