O antigo Ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes defendeu, na quinta-feira, o Partido Socialista (PS), do qual é militante, e falou ainda sobre as condições de António Costa para governar.

"Acredito que, apesar de tudo, ainda hoje que o primeiro-ministro tem todas as condições para corrigir este 'Annus horribilis' [Ano horrível, em latim] do ponto de vista do partido e do Governo", referiu em declarações no seu espaço de comentário na CNN.

Ainda durante a sua intervenção, o antigo responsável pela pasta da Saúde afirmou que os próximos meses serão "decisivos". "Como aliás, o Presidente da República tem dito", apontou. E não só caracterizou os próximos tempos como decisivos, como também explicou a razão.

"Para recentrarmos a ação do Governo nas políticas que servem as pessoas e nos afastarmos desta sucessão de episódios, que afeta a percepção que os cidadãos têm da política em geral, não apenas o Governo do PS. Isto não pode continuar - a bem de todos", considerou.

Campos Fernandes notou ainda que nas últimas semanas se tem alterado a "mudança de registo da atuação" de Marcelo Rebelo de Sousa. "Creio que o Presidente da República passou de um quadro de uma tolerância relativamente ampla, para uma tolerância mais limitada", observou, garantindo que essa posição serve os interesses do Estado e da Democracia.

"Cabe também ao Governo e ao Parlamento acompanhar esta ideia de que o Estado tem que ser densificado, a República prestigiada e as instituições não podem estar a viver estes momentos de profundo descrédito e descredibilidade, que são muito negativas para todos", rematou. 

Durante o seu momento de comentário, o responsável, que foi ministro da Saúde de Costa entre 2015 e 2018, sublinhou ainda que o PS estava "muito para além destas questões que estamos a viver agora e que, infelizmente, têm marcado a ação governativa".

Campos Fernandes foi mais um dos ex-governantes e personalidades que comentaram a polémica saída da secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, que se demitiu depois de ser conhecido que tinha contas conjuntas com o marido que estavam arrestadas. A ministra da pasta, Maria do Céu Antunes, foi confrontada ainda ontem sobre se tinha conhecimento desta situação - tendo-se remetido ao silêncio quanto a este assunto. 

O jornal Público avançou, esta sexta-feira, que a ministra sabia de tudo antes de Carla Alves assumir o cargo. Mais tarde, a tutela negou ter conhecimento da situação. 

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