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IL acusa PS de sacrificar "mil euristas", BE fala em "Black Friday"

A Iniciativa Liberal acusou hoje o PS de sacrificar "os mil euristas" e de querer "manter uma classe média baixa dependente", enquanto o Bloco de Esquerda considerou que o Governo está dar "descontos Black Friday" às empresas.

IL acusa PS de sacrificar "mil euristas", BE fala em "Black Friday"
Notícias ao Minuto

15:40 - 24/11/22 por Lusa

Política OE2023

Depois de ter sido chumbada nas votações de quarta-feira, a Iniciativa Liberal avocou hoje para plenário uma proposta que pretendia formar um sistema de dois escalões de IRS -- com o primeiro escalão sujeito a uma taxa de IRS de 14,5% e o segundo de 48% --, sendo novamente chumbada em plenário, com o voto favorável da IL, abstenção do Chega e votos contra de todos os restantes partidos.

No debate que antecedeu a votação, o deputado da IL Carlos Guimarães Pinto sublinhou que, no próximo ano, o Estado irá ter receitas de 111 mil milhões de euros, ou seja, "11 mil euros por cada português adulto, criança ou idoso".

"São mais 30 mil milhões de euros de receitas do que há seis anos. O que nós estávamos a propor era permitir que um décimo deste acrescento ficasse no bolso das pessoas que ganham metade do nosso salário enquanto deputados. Estamos a falar dos mil euristas, de pessoas que ganham à volta de 1.000 euros, 800, 900, 1.100, 1.200, 1.300 euros", disse.

Guimarães Pinto acusou o Governo do PS de se recusar a fazer cortes "no financiamento da TAP", "nas centenas de milhões que enfia na banca" ou nos "obeliscos e monumentos inúteis que constrói por aí", mas de forçar os "mil euristas" a cortarem "na viagem com que sonham o ano todo" ou na "sua prestação do banco e ficarem sem casa".

"Do PS, honestamente não esperava outra coisa, porque o PS quer manter uma classe média baixa dependente à espera dos 125 euros que um dia o senhor primeiro-ministro lhes dê. Gosta disso", acusou.

Dirigindo críticas a todos os partidos por terem 'chumbado' a proposta da IL, Guimarães Pinto começou por dirigir-se aos deputados sociais-democratas, desafiandos-a a olharem para o Partido Popular Europeu (PPE) -- a família política europeia a que pertence o PSD -- e tentarem encontrar "um Governo do PPE que taxe da forma que vocês que aceitam que o PS taxe".

"E o Chega, que também não aprovou esta medida, perguntem aos polícias lá fora que ganham mil e poucos euros, que vocês querem aprovar subsídios, mas não deixam que eles fiquem com mais 50 euros não de subsídios, mas dinheiro que é deles", acusou.

Quanto aos partidos da esquerda, o deputado da IL pediu ao PCP para perguntar aos "operários que ganham 900, 1.000, 1.500 euros se não lhes fazem falta estes 50 ou 100 euros" e acusou o BE de só representar "uma elite falida que gostava de viver no centro de Lisboa".

Intervindo de seguida, o líder do Chega, André Ventura, disse estar admirado por Carlos Guimarães Pinto ter decidido falar dos polícias, acusando a IL, PSD e PS de terem votado "sistematicamente contra todas ou quase todas as propostas" do Chega sobre aumentos dos rendimentos das forças de segurança ou de melhoria das esquadras.

Sobre o IRS, Ventura criticou o PS por estar a "esmifrar ainda mais a classe média", defendendo que a atualização dos escalões, "para que não se perdesse dinheiro face à inflação", deveria ser de 18% e não de 5,1% como proposto pelo Governo.

Por sua vez, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, acusou Carlos Guimarães Pinto de ser como "aquele soldado que estava no pelotão: todos marchavam da mesma maneira, e só ele é que marchava errado, e achava que os outros estavam errados".

"Também lhe vou falar dos 'mil euristas': com o IRS Jovem deste Orçamento do Estado, um mil eurista ganha quatro salários com a diminuição do imposto, senhor deputado. Com as regras de IRS do Governo, um mil eurista baixou o seu imposto em 59% senhor deputado", defendeu.

A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua considerou que a proposta da IL é uma "medida injusta, porque qualquer taxa plana é sempre injusta", mas também endereçou críticas ao executivo, considerando que "não atualizar os escalões do IRS à inflação determina que todos os trabalhadores têm mais uma perda de rendimento".

Mariana Mortágua disse ainda que "a medida que retira o prazo para a dedução de prejuízos fiscais em IRS, também conhecida como grande borla fiscal às maiores empresas, é o símbolo das escolhas do Governo no Orçamento do Estado".

"Ao mesmo tempo que se confirma o corte real nos salários de todos os trabalhadores, ao mesmo tempo que o Governo dá uma talhada no direito dos pensionistas (...), oferece às maiores empresas um verdadeiro desconto 'Black Friday'", acusou.

Leia Também: OE2023. PCP mantém voto contra na votação final global

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