"Os portugueses já perceberam que o líder da oposição é o PS, porque o que tem sido visto nas últimas semanas é que o Governo escolheu como diálogo preferencial um diálogo com a extrema-direita parlamentar", criticou Eurico Brilhante Dias, à agência Lusa, antes do debate sobre o Estado da Nação, agendado para quinta-feira.
O socialista considerou que este diálogo é "profundamente negativo para o país", lembrando que o PS "sempre disse que estava disponível para conversar, para negociar, em temas fundamentais, também como a imigração, também como o tema da nacionalidade", referindo-se às propostas do Governo que alteram as leis da nacionalidade e imigração e que cria a Unidade de Estrangeiros e Fronteiras da PSP.
Brilhante Dias salientou que o PS "não é uma oposição qualquer" mas sim uma "oposição alternativa" ao atual bloco de direita parlamentar.
Na ótica da bancada socialista, o executivo liderado por Luís Montenegro "não tem soluções" para as "questões essenciais do país", que "está pior com este Governo".
"Sabemos que é um caminho longo, que é feito com paciência, de oposição a um Governo que não tem uma agenda de desenvolvimento do país", acrescentou, dando como exemplos as áreas da saúde e da educação.
O líder parlamentar socialista salientou que hoje "há mais portugueses sem médico de família", existem "mais urgências fechadas e os casos em torno do INEM e da assistência de emergência não param de cessar".
Na área da educação, Brilhante Dias salientou que o ministro da Educação chegou a afirmar que "a redução do número de alunos sem professor era de 90%" e depois disse que "o número estava errado", remetendo mais tarde para uma auditoria.
"Fez a auditoria, não apareceu o número. E passados muitos meses, mais de um ano, os portugueses continuam sem saber quantos alunos não tiveram professor durante o ano coletivo", criticou.
Brilhante Dias ironizou que estas são duas áreas nas quais "tudo o que era fácil na oposição" e se transformaram "de repente em coisas muito difíceis de resolver quando se é Governo".
"E por isso o país está pior. Está pior porque está sem direção", sublinhou.
Interrogado sobre quais serão as prioridades do partido após a pausa dos trabalhos parlamentares durante o verão, Brilhante Dias afirmou que o PS vai priorizar os "rendimentos dos portugueses".
"Custo de vida e rendimentos é sempre a nossa prioridade. Claro que poderemos ter iniciativas no quadro da saúde, acompanharemos de forma muito próxima o arranque do ano letivo, mas há um elemento que para nós é decisivo, que é rendimentos dos portugueses, custo de vida. Aquilo que será o regresso ao trabalho dos portugueses, um regresso pós-férias que nem sempre é fácil", salientou.
Está agendado para a próxima quinta-feira o debate sobre o estado da nação, o primeiro desde que o XXV Governo Constitucional tomou posse, que contará com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e do restante elenco governativo.
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