"Nós tivemos hoje aqui um discurso de Estado, proclamatório, virado para o futuro, com novos paradigmas que são anunciados. Não sei se tão eficaz do ponto de vista do curto prazo, medidas que temos de ter agora em relação a uma economia que é de guerra, muito embora a guerra tenha estado presente em toda a declaração da presidente da Comissão", afirmou, em declarações à imprensa no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
"Obviamente que é importante sabermos que a União Europeia está concentrada em mecanismos de regulação de mercado, de fixação de preços, de tributação de lucros excessivos, preocupada com a saúde mental, com aquilo que seja matérias primas raras, mas nós vivemos uma economia de guerra, com uma inflação que dispara, com um perigo de recessão, e eu devo dizer que em relação a isso gostaria de ter ouvido medidas circunscritas àquilo que é o amanhã, nomeadamente o inverno que se aproxima", reforçou o deputado e presidente do CDS-PP.
Comentando em concreto a proposta de limitação dos lucros extraordinários das empresas do setor energético, observou que em Portugal "a primeira entidade que neste momento beneficia de lucros excessivos [...] é o Estado português, que até ao mês de maio amealhou por causa da inflação mais 5 mil milhões de euros".
"Por isso, não deixando de ser importante que se queira avaliar e atingir empresas que especulam e beneficiam com a circunstância da economia de guerra, gostaria também de ver os Estados a transformarem aquilo que são lucros extraordinários, perversos porque à custa do sacrifício das pessoas, na devolução de rendimentos através da baixa de impostos", defendeu.
A presidente da Comissão Europeia defendeu hoje que os lucros extraordinários das empresas do setor do petróleo, gás, carvão e refinarias devem "ser canalizados para os que mais precisam", propondo uma contribuição solidária.
"Não me interpretem mal. Na nossa economia social de mercado, os lucros são bons, mas, nestes tempos, é errado receber receitas e lucros extraordinários recordes beneficiando da guerra e nas costas dos nossos consumidores, [pelo que], nestes tempos, os lucros devem ser partilhados e canalizados para aqueles que mais precisam", declarou Ursula von der Leyen, intervindo no seu terceiro discurso sobre o Estado da União, na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.
De acordo com a líder do executivo comunitário, "estas empresas estão a fazer receitas que nunca contabilizaram, com que nunca sequer sonharam".
Por isso, a ideia desta taxação aos lucros extraordinários seria obrigar os "produtores de eletricidade a partir de combustíveis fósseis a dar uma contribuição para a crise", fazendo com que esta taxa obtenha verbas para apoios sociais, explicou Ursula von der Leyen.
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