"Registamos de forma positiva que finalmente avança uma proposta europeia para a limitação dos lucros extraordinários do setor energético, dirigindo esses recursos, 120 mil milhões de euros, para aqueles que menos têm na Europa. Pedi à nossa família política há cerca de seis meses precisamente esta iniciativa, mais vale tarde do que nunca", referiu o deputado, em declarações à imprensa depois do discurso de Ursula von der Leyen no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
Apontando que "alguns países avançaram mais cedo, como foi o caso de Portugal, com uma medida que também aqui foi anunciada, o desligamento do preço do gás e da eletricidade e o regresso dos consumidores ao mercado regulado, baixando as tarifas", Pedro Marques diz que é importante que agora se avance "de forma coordenada".
"O Governo português tem dito, corretamente do meu ponto de vista, que o que importa agora é avançar de forma coordenada ao nível europeu. No caso de Portugal e de Espanha avançámos mais depressa a limitar esses lucros excessivos [...] Se os lucros excessivos no caso português já começaram a ser limitados com estas iniciativas, e isso é correto e positivo, agora pode avançar uma iniciativa europeia que vá limitar todos os ganhos excessivos que podem acontecer", disse.
Pedro Marques acrescentou que "se alguns [lucros excessivos] ainda existirem em Portugal, pois eles também devem continuar a ser limitados".
"Agora, a novidade é que toda a Europa, se esta proposta da Comissão for aprovada, toda a Europa avançará nesse sentido".
Considerando tratar-se assim de "uma boa noticia", o eurodeputado fez votos para "que agora o Conselho não arraste os pés nas discussões dos ministros da Energia".
Apontando entre outras "medidas importantes" hoje anunciadas por Von der Leyen "a limitação dos preços da energia e mais investimento das renováveis", Pedro Marques saudou também o compromisso da "continuação do apoio à Ucrânia, simbolicamente com a presença da esposa de Volodymyr Zelensku em plenário", e o anúncio de uma ajuda de 100 milhões de euros para a reconstrução de escolas.
O deputado observou a propósito que é "curioso que tenha sido essa precisamente a prioridade do Governo português quando António Costa visitou a Ucrânia".
"É um discurso positivo. Várias medidas que infelizmente vêm mais tarde do que deviam e uma ausência bastante grande de preocupações sociais, para lá da importante medida de apoio às famílias relativamente aos preços da energia. Esperávamos mais na dimensão social e essa dimensão de facto esteve praticamente ausente do discurso. Nós queremos mais ambição no combate à pobreza na Europa", concluiu.
A presidente da Comissão Europeia defendeu hoje que os lucros extraordinários das empresas do setor do petróleo, gás, carvão e refinarias devem "ser canalizados para os que mais precisam", propondo uma contribuição solidária.
"Não me interpretem mal. Na nossa economia social de mercado, os lucros são bons, mas, nestes tempos, é errado receber receitas e lucros extraordinários recordes beneficiando da guerra e nas costas dos nossos consumidores, [pelo que], nestes tempos, os lucros devem ser partilhados e canalizados para aqueles que mais precisam", declarou Ursula von der Leyen, intervindo no seu terceiro discurso sobre o Estado da União, na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.
De acordo com a líder do executivo comunitário, "estas empresas estão a fazer receitas que nunca contabilizaram, com que nunca sequer sonharam".
Por isso, a ideia desta taxação aos lucros extraordinários seria obrigar os "produtores de eletricidade a partir de combustíveis fósseis a dar uma contribuição para a crise", fazendo com que esta taxa obtenha verbas para apoios sociais, explicou Ursula von der Leyen.
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