"Braços abertos" a Papa que Cotrim e Ventura consideram socialista
O debate parlamentar com o primeiro-ministro acabou hoje em registo leve e bem-disposto, com António Costa, o liberal Cotrim de Figueiredo e o populista André Ventura a 'trocarem galhardetes' sobre o alegado "socialismo" do papa Francisco.
© REUTERS/Remo Casilli
Política António Costa
"Ah, é camarada!? Também é meu [camarada]? Extraordinário. Oiça, de braços abertos, com total espírito ecuménico. Não imaginei que a cegueira liberal fosse tão longe que até o papa já fosse socialista. É uma enorme honra. Com a sua reação - e da sombra do deputado André Ventura -, só confirma aquilo que eu digo: derrota do liberalismo e, não vitória do socialismo, mas sim da democracia-cristã", afirmou António Costa.
O presidente da Iniciativa Liberal tinha acabado de acusar o Governo e o "gabinete de propaganda do PS" de tentarem publicitar a "vitória do socialismo" perante a crise da pandemia de covid-19, criticando o estado dos setores da Saúde e da Educação, entre outros.
"Limitei-me a sublinhar a derrota do liberalismo - não proclamei a vitória do socialismo -, que é acompanhada, seguramente, pelos democratas-cristãos e todos aqueles que acreditam e se reveem na palavra do papa Francisco sobre a dignidade da pessoa humana -- [o papa] não deve ser socialista, presumo eu...", referira Costa, antes de ser interrompido pelos comentários e gestos reprovadores de Ventura e Cotrim de Figueiredo.
O primeiro-ministro defendeu o desempenho e a importância do Serviço Nacional de Saúde e da Escola pública, em tempos de grave crise sanitária, frisando ser um "orgulho para todos os socialistas" ter a companhia do chefe de Estado do Vaticano, o argentino Jorge Bergoglio, 84 anos, como hipotético camarada, ao cabo de quase quatro horas de discussão no hemiciclo.
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