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Destruir Padrão dos Descobrimentos? "Estupidez" e "falta de noção"

Ascenso Simões defendeu que o Padrão dos Descobrimentos deveria ser demolido, enquanto “monumento do regime ditatorial” que é. Em reação, João Soares fala na "estupidez que por aí anda", enquanto o líder do CDS acredita mesmo que a situação "daria para 'Os Apanhados'.

Destruir Padrão dos Descobrimentos? "Estupidez" e "falta de noção"
Notícias ao Minuto

09:25 - 22/02/21 por Notícias ao Minuto

Política Padrão dos Descobrimentos

Num artigo publicado no Jornal Público, Ascenso Simões defendeu recentemente que o Padrão dos Descobrimentos deveria ter sido demolido. A afirmação do parlamentar gerou mal-estar e as reações não tardaram a apontar 'o dedo' ao socialista.

Para lá de considerar que o Padrão dos Descobrimentos, que classifica de "mamarracho", “num país respeitável, devia ter sido destruído”, o deputado da Assembleia da República foi mais além. Ascenso Simões escreveu, na passada sexta-feira, que "o 25 de Abril de 1974 não foi uma revolução, foi uma festa".

Para o parlamentar, na Revolução dos Cravos, "devia ter havido sangue, devia ter havido mortos, devíamos ter determinado bem as fronteiras para se fazer um novo país". Mais tarde, em declarações ao Observador, o socialista explicou, porém, que não pretendia que esta afirmação tivesse uma interpretação literal.

“Não se trata de mortos físicos nem de sangue derramado nas ruas, mas de cortes epistemológicos. Cortes verdadeiros do ponto de vista da política, da transformação da sociedade”, elucidou.

Porém, sobre a demolição do monumento edificado na capital, Ascenso manteve o que disse. Da mesma forma que a ponte Salazar mudou de nome para ponte 25 de Abril, também o Padrão devia ser destruído enquanto “monumento do regime ditatorial” que é.

Defendendo que as revoluções servem para “fazer cortes” e que o 25 de Abril não “fez os cortes suficientes para limpar da nossa memória elementos que são danosos da construção de uma democracia plena”, o Ascenso Simões acredita que, "quando não temos leitura da história achamos que a normalidade é passar por um qualquer momento sem nos questionarmos. Mas se nos questionássemos, enquanto sociedade, perguntaríamos porque é que não derrubamos aquele que é um dos grandes monumentos do regime ditatorial".

Ainda no Público, Ascenso defendeu que "o salazarismo foi muito eficaz na construção de uma história privativa, garantindo, até hoje, a perenidade dos mitos do desígnio português, dos descobrimentos, ou do império”. Ao Observador, o deputado alega que "falta perceber verdadeiramente que não tivemos império nenhum. Que os tempos que vivemos desde o século XV até ao 25 e Abril foram tempos de grande instabilidade que nunca consolidaram império nenhum, mas esse império que está na nossa cabeça é o império salazarista. É uma construção simbólica do império salazarista”.

Houve ainda lugar, no artigo assinado no Público, para umas palavras sobre Marcelino da Mata, sendo que o deputado socialista afirma que as condecorações que “serviram para aprovar um voto de pesar pela sua morte” não são mais do que “cruzes de ferro da nossa doméstica vida das décadas de 1960 e 1970”.


As reações

João Soares reagiu às declarações de Ascenso Simões, começando por recordar que, "durante 12 anos como autarca de Lisboa", se ocupou "diretamente do Padrão dos Descobrimentos" e nessa altura, acredita, fez-se "por lá uma pequena revolução".

O filho de Mário Soares detalha ainda algumas da iniciativas levadas a cabo enquanto esteve no Executivo camarário, nomeadamente "a criação de salas de exposições, auditório, acesso ao pequeno terraço no topo, visitas guiadas. E toda uma interessante e diversificada programação de qualidade. Passe a imodéstia outra vez, exposições da Frida Kahlo, à fotografia contemporânea portuguesa. Debates sobre a obra e a vida de José Rodrigues Migueis, etc".

Por isso, acrescenta numa publicação na rede social Facebook, "ver agora por aí escrito que os socialistas querem demolir o Padrão dos Descobrimentos, sendo eu indefectível socialista PS, entristece-me. Dá a medida da perfídia e da estupidez que por aí anda".

O líder do CDS também não poupou críticas a Ascenso Simões, defendendo inclusive que isto daria para 'Os Apanhados'. "Os últimos dias têm sido pródigos em insultos da esquerda e da extrema esquerda à nossa História. Nada de novo vindo de quem sempre quis rescrevê-la", constatou.

Também numa publicação no Facebook, Francisco Rodrigues dos Santos vinca que "há insultos que, além de disparatados, são graves", referindo-se a Ascenso Simões: "Defender a demolição do Padrão dos Descobrimentos é o cúmulo da falta de noção".

"Exige-se de António Costa que coloque os seus Deputados na ordem e trave a “Bloco de Esquerdização” do PS, ou então que abra a porta de saída aos que não sabem dignificar o lugar que ocupam. Ficámos a saber que temos Deputados que em vez de enaltecerem a nossa História ou, pelo menos, de a respeitarem, têm vergonha dela. Era caso para Portugal se envergonhar de ter Deputados assim", atira.

Paulo Portas, no comentário habitual de domingo na TVI24, disse apenas, sobre o tema que "é mais fácil remover o Padrão dos Descobrimentos do que remover os Descobrimentos. E são os descobrimentos que devemos celebrar sem nenhum complexo. É por eles que se fez a globalização primeira neste mundo. É por eles que Portugal foi grande e é por eles que se fala português em toda a parte".

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