UE não tem culpa da crise e é solução para "desassossegos"
A Europa não é responsável da crise, não pode converter-se na sua vítima e pode perder-se caso os elementos básicos da sua construção sejam abandonados, defendeu hoje o presidente da Comissão Europeia.
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Política Barroso
Durão Barroso falava no Real Mosteiro de Yuste (Cáceres), onde hoje recebeu, das mãos do príncipe das Astúrias, o Prémio Carlos V 2012, em reconhecimento pelo seu papel na defesa do interesse geral num período de crise e pela contribuição para o desenvolvimento da Europa.
Num discurso de defesa do modelo europeu, Durão Barroso recordou que os egoísmos nacionais, os nacionalismos extremos e os conflitos estão a pôr em risco a aspiração à unidade europeia, sonho "indestrutível" do pensamento europeu e pelo qual o modelo europeu se continua a bater.
"Graças a estes elementos básicos - união dos povos, liberdade, diversidade e instituições supranacionais - a UE continua a ser a construção política mais formidável e original que permite garantir a paz, a democracia, a solidariedade e a equidade", afirmou.
Um modelo que continua a ser inspirador, apesar da atenção se centrar quase exclusivamente na crise, disse, falando perante os chefes de Governo de Portugal e Espanha, Pedro Passos Coelho e Mariano Rajoy, respetivamente, entre outras individualidades.
Barroso afirmou ser "muito consciente do desassossego" dos cidadãos europeus, nomeadamente os de Espanha e Portugal, "que não são responsáveis da crise e que, apesar disso, são com demasiada frequência as suas primeiras vítimas".
"A todos quero dizer que a Europa também não é responsável da crise e que não seria bom se se convertesse numa vítima dela. A Europa não é o problema, é uma parte da solução", disse, considerando que ignorar isso pode "sair caro" à Europa e aos europeus.
Barroso relembrou que a crise financeira internacional, que "contaminou a Europa" se somou "em alguns países europeus" ao "laxismo orçamental, vulnerabilidades competitivas, excessos financeiros e, a nível europeu, a carências do modelo de governação política".
Cenário a que a UE, disse, responde de forma "solidária e responsável", mobilizando 700 mil milhões de euros para "evitar a queda dos países mais afetados pela crise".
Esforços que, considerou, estão a começar a dar frutos com "os mercados mais calmos e os primeiros sinais de recuperação", a Europa a "dar grandes passos adiante" e o euro "preservado e reforçado".
Apesar dos progressos, Barroso recordou que ainda permanecem dificuldades, especialmente perante o desemprego, "o maior drama que a Europa enfrenta", e que a mobilidade "deve ser uma opção e não, como muitas vezes acontece, a única alternativa" para os mais jovens.
Declarando-se emocionado e orgulhoso por se juntar aos anteriores galardoados com o prémio, Barroso destacou a presença do príncipe das Astúrias e o "compromisso forte com a Europa e com os ideais europeus" de outro dos presentes, Mariano Rajoy, presidente do Governo espanhol.
Em português, saudou ainda o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, enaltecendo a "forma empenhada e construtiva com que tem contribuído para o aprofundamento do projeto europeu".
"Aproveito para lhe expressar a minha sincera admiração pela determinação e coragem com que tem enfrentado os desafios históricos que agora se colocam a Portugal", disse.
Na sua intervenção, Barroso destacou o facto de a cerimónia de hoje juntar de novo os Governos de Portugal e Espanha, evocando o nome de Carlos V e, assim, "a história e os vínculos seculares e profundos que unem os dois países".
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