No discurso de posse, Costa teve "momento de medo e de fraqueza"
Marques Mendes falou sobre os discursos de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa na tomada de posse do novo Executivo.
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Política Marques Mendes
Marques Mendes abordou, no seu comentário habitual na antena da SIC, a tomada de posse do novo Executivo de António Costa, que ocorreu no sábado, e os discursos de Marcelo e Costa, que segundo o ex-líder do PSD são "importantes" e "bastante diferentes".
"O Presidente da República fez um discurso diferente do habitual. É uma marca diferente relativamente aos seus discursos anteriores. Acho que foi justo na análise do passado: elogiou o Governo pelas medidas que tomou e pelos resultados alcançados" mas, continua, "temperou esses elogios chamando a atenção que a conjuntura internacional foi ótima e que a herança do anterior Governo ajudou muito".
"Foi distante em relação à análise do presente. O Presidente não se comprometeu com o Governo", referiu o comentador.
Para Marques Mendes, Marcelo "foi mais exigente do que é habitual para memória futura, ou seja, relativamente aos próximos anos. Elevou as expectativas, colocou pressão no Governo e pede resultados à governação".
Quanto ao discurso do primeiro-ministro, o social-democrata considera que este teve "muita substância". "Apresenta quatro desafios para o futuro: a aposta no clima, no digital, na demografia e no combate às desigualdades. Todo o país da Esquerda à Direita está de acordo", refere, afirmando que estes são "objetivos relativamente fáceis".
"Faltam outros que são difíceis e importantes e o primeiro-ministro nem uma palavra" como é o caso, relembra, do crescimento económico, competitividade fiscal e investimento público. "Há desafios que toda a gente subscreve mas naqueles em que é mais difícil o primeiro-ministro foi omisso", criticou.
Houve, da parte de Costa na tomada de posse, "anúncios bons e anúncios demagógicos". Na parte boa, Marques Mendes destacou a subida do salário mínimo nacional e o encerramento antecipado das centrais do Pego e de Sines. Na má, os Conselhos de Ministros descentralizados: "Isto não é novo, Governos do PSD já o fizeram, mas eu já na altura achei mal e continuo a achar. É show off, é pensar nas eleições autárquicas"
O ex-líder do PSD fala ainda num momento que passou "um bocadinho despercebido" no discurso de Costa, que se traduz na frase: "Cada eleição vale por si e nenhuma se substitui às demais ou altera o mandato da Assembleia da República ora eleita." Para Marques Mendes, esta é um "erro político" e "é um momento de medo e de fraqueza" do primeiro-ministro.
De acordo com o comentador, Costa tem "medo de um mau resultado nas eleições autárquicas", "do segundo mandato presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa" e de "eventuais eleições antecipadas em 2021 ou 2022". É uma "fragilidade psicológica" que pode dar lugar a uma "fragilidade política".
Questionado sobre se o Governo será para quatro anos, Marques Mendes admite considerar que "as coisas com este Governo não vão correr bem" mas que, mesmo assim, "vai cumprir a Legislatura". "Não vão correr bem porque cheira tudo a fim de ciclo" - o Governo tem ministros "cansados e esgotados", um discurso e um programa que "é mais do mesmo" e uma presidência da União Europeia que traz "desgaste interno".
O comentador antevê ainda a remodelação governamental em 2021, com a saída de Santos Silva e Mário Centeno "porque querem" e dos ministros da Saúde, da Educação e da Ciência.
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