Cristas desafia Costa a dizer se baixa impostos e ficou sem resposta
A líder do CDS-PP confrontou esta terça-feira o primeiro-ministro com uma miscelânea de temas, ambiente, agricultura, benefícios fiscais para o Interior, e ficou sem resposta ao desafio a António Costa para dizer se defende uma baixa de impostos.
© Global Imagens
Política CDS-PP
"Vai ou não baixar impostos? Compromete-se ou não esse compromisso?", perguntou Assunção Cristas, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, no final de um frente a frente com Costa, na Assembleia da República, depois de alertar para algumas estatísticas "preocupantes" da OCDE quanto a um crescimento económico abaixo da União Europeia (UE).
Para Assunção Cristas, Portugal precisa de uma "baixa de impostos", dado que existe hoje "uma carga fiscal máxima" e é preciso "estimular o investimento".
A baixa de impostos foi a resposta dada pelo CDS à promessa de Costa de incluir, no próximo programa eleitoral do PS, uma valorização de salários na função pública, no passado fim-de-semana.
Aos números da presidente centrista respondeu o chefe do Governo com números desde 2016 até 2018, alegando que Portugal está a assistir a um crescimento económico "acima da média da UE".
Assunção Cristas desafiou ainda o chefe do Governo a dizer se concorda com as medidas propostas pelo CDS para dar garantias aos contribuintes contra os abusos do fisco, como o que aconteceu com a famosa "operação stop", no norte do país.
Esta foi, aliás, a segunda medida antecipada pelos centristas para o programa eleitoral com que se apresentarão às legislativas de outubro.
António Costa contra-atacou, afirmando que foi o seu executivo a alterar a lei, do tempo do anterior Governo PSD-CDS, que permitia a "penhora da casa de família por dívidas fiscais".
"Foi pena que quando teve o pelouro da habitação não tenha tido essa atenção", ironizou.
Na prática, Cristas relembrou as propostas já feitas, e chumbadas este ano no parlamento, de um estatuto fiscal para o interior, pondo, quem lá vive, a pagar metade do IRS, ter descontos nas portagens ou que as empresas apenas paguem 10% de IRC.
Ao que Costa contrapôs com as medidas, consideradas insuficientes por Cristas, nos dois últimos orçamentos do Estado, de "um conjunto de medidas de exceção e de investimento nas zonas de baixa densidade", sublinhando que "43% dos apoios ao investimento foram dirigidos a zonas de baixa densidade e do interior".
O debate aqueceu um pouco quando se falou de reservas de água e agricultura, pasta da líder centrista no anterior executivo PSD-CDS, com acusações cruzadas sobre a alegada falta de resultados nos projetos de regadio no Alqueva, Alentejo.
Os "50 mil hectares" de que António Costa falou esta terça-feira são os mesmos de que já falava "no início do mandato", em 2015, alegou Cristas.
E quanto à água e à necessidade de armazenamento, o primeiro-ministro reclamou para o seu governo a decisão de pôr fim à "lei que liberalizava o eucalipto", numa referência a um diploma aprovado quando Cristas era ministra da Agricultura, além de acusar a direita de não ter previsto financiamento para investimentos no Alqueva.
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