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PS e PSD sobem nas sondagens porque "fator partido novo" desapareceu

José Ribeiro e Castro, antigo líder do CDS, considera "natural" a subida do PS e do PSD nas sondagens para as eleições europeias em face a inexistência do chamado "fator partido novo" nos estudos de opinião.

PS e PSD sobem nas sondagens porque "fator partido novo" desapareceu
Notícias ao Minuto

17:46 - 29/03/19 por Lusa

Política Europeias

"Nas últimas eleições houve um partido novo na representação parlamentar, que foi o então MPT, tendo como cabeça de lista Marinho e Pinto, que elegeu dois eurodeputados, e nesta eleição, até agora, na repartição dos mandatos, nas situações mais significativas, não aparece ninguém", disse Ribeiro e Castro à Lusa, num comentário à projeção a futura constituição da assembleia europeia divulgada hoje pelo Parlamento Europeu.

"O MPT desapareceu, o PDR, que é o partido atual de Marinho e Pinto, não aparece mencionado, a Iniciativa Liberal, que se apresenta pela primeira vez e aparentemente com uma lista forte, também não aparece mencionada, e, os que aparecem mencionados, a Aliança e o PAN, ainda não atingem 'scores' que tragam representação parlamentar", enumerou.

A projeção, que se baseia numa sondagem da Aximage, realizada entre 09 e 13 de março, atribui 2,2% das intenções de voto à Aliança e 2,1% ao PAN, com nenhum dos dois partidos a conseguir eleger um eurodeputado.

Para Ribeiro e Castro "a estrela" deste estudo de opinião é o PSD, com 31,9% das intenções de voto, que permitiriam eleger sete eurodeputados, uma votação bem acima dos 27% obtidos nas europeias de 2014 e que os 23,4% e 26,2% apontados nas duas primeiras projeções do Parlamento Europeu, divulgadas a 18 de fevereiro e a 01 de março.

"Na altura (18 de fevereiro) tive ocasião de comentar que era um muito mau resultado, mas recuperou, e bem, e se se confirmasse este resultado seria, se a memória me não falha, o melhor resultado do PSD nos últimos anos em europeias", frisou.

Esta subida, considerou, "é natural" face ao "resultado verdadeiramente desastroso" que PSD e CDS, em conjunto, obtiveram em 2014, mas também o PS, que "teve o resultado do famoso poucochinho", que abriu uma crise de liderança no Partido Socialista.

José Ribeiro e Castro atribui nomeadamente a subida do PSD à entrada de Paulo Rangel, o cabeça de lista social-democrata, candidato a um terceiro mandato.

"Paulo Rangel é o número um do PSD nesta altura, não é propriamente novo, mas é uma pessoa conhecida pela sua intervenção a nível europeu e entrou bem na campanha, de uma forma incisiva, com muitos pontos na marcação ao PS", avaliou.

"Se temos de atribuir essa subida a alguma coisa é a isso que devemos atribuir, porque o facto mais saliente destas últimas semanas é a forma como Paulo Rangel conseguiu marcar agenda, quer propositiva quer de crítica relativamente ao PS", acrescentou, admitindo também "algum efeito da estabilização do PSD e da coesão do partido".

Quanto a CDS, PCP e BE, Ribeiro e Castro frisa ser "mais difícil de interpretar", dado tratar-se de um tipo de eleição em que a abstenção é tradicionalmente muito elevada.

Mas admite a possibilidade de "uma disputa muito próxima" entre o CDS (8%) e o BE 8,3%) pelos últimos mandatos.

Com as atuais percentagens, o BE elegeria dois eurodeputados e o CDS um, mas, frisou, "só mesmo na reta final é que se consegue perceber quem ganha esse mandato".

A projeção hoje divulgada foi a terceira de uma série de nove a publicar até às eleições europeias de 26 de maio, mas, esta semana, a Mesa do PE, composta pelo presidente e pelos 14 vice-presidentes, decidiu suspender as projeções previstas para o mês anterior às eleições de maio, passando de um total de nove estudos para apenas quatro.

Questionado sobre esta questão, Ribeiro e Castro critica fortemente a decisão, que considera própria de "quem lida mal com as expressões da democracia" ou, como prefere chamar "demofobia".

"Acho que é uma péssima demonstração. Mais valia não terem feito nada, essas sondagens são nacionais, portanto, acabaríamos por saber", lamentou.

"Acho muito mal que o PE anuncie uma coisa que depois não cumpre. Primeiro, é sempre mau não cumprir o que se promete. E segundo, é péssimo que o não cumprimento seja por falta de espírito democrático, porque dá ideia que as sondagens causam embaraço, é evidente que causaram embaraço, alguém ficou incomodado e os incomodados tiveram o poder suficiente para censurarem uma iniciativa de transparência na democracia", criticou.

O comentador vê nesta decisão "uma contradição grande" entre querer "construir uma união política numa Europa democrática" sem "ser por métodos democráticos".

"Significa que esta legislatura do Parlamento Europeu se despede do seu exercício com um sinal de fraquíssima maturidade", lamentou também.

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