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"A questão é saber se PS se mantém submisso às orientações da UE"

O secretário-geral comunista concorda com o primeiro-ministro no sentido de Portugal "pedalar mais" para contrariar a desaceleração económica internacional, mas não "à toa", reiterando uma rutura com as imposições externas e a adoção da "política alternativa, patriótica e de esquerda".

"A questão é saber se PS se mantém submisso às orientações da UE"
Notícias ao Minuto

07:11 - 02/03/19 por Lusa

Política Jerónimo de Sousa

"Temos que pedalar mais, mas não é à toa. Temos de definir para onde é que podemos pedalar. Se o Governo se mantém prisioneiro destes condicionalismos, constrangimentos, depois não dá resposta e lá vem a crítica ao estado do Serviço Nacional de Saúde, dos transportes, da própria demografia", afirmou Jerónimo de Sousa, em entrevista à Lusa, referindo-se aos constrangimentos da União Europeia, como as metas de défice ou os encargos com a dívida, entre outros.

Para o líder do PCP, "é preciso outro caminho, outro rumo" e "dar continuidade a este processo progressista em termos sociais, mas é preciso alterações profundas na conceção dos problemas nacionais".

"Por isso dizemos, com singeleza, que a CDU [coligação com 'Os Verdes'] ainda não reúne força para ser, já não digo predominante, mas pelos menos determinante, nesta evolução porque acreditamos que é possível em Portugal uma política diferente. Isto pode ser entendido como discurso de comício, mas não é. Portugal tem possibilidades imensas de resolver os seus problemas", garantiu.

Sobre o acordo bilateral com o PS, à semelhança de BE e PEV, o secretário-geral comunista sublinha que o PCP nunca precisou de "papel" assinado. "Se há coisa que o PS tem de reconhecer é a forma frontal, séria e honesta como o PCP esteve em todas as mesas, conversações, sempre com grande franqueza, determinação e fundamentação. O então Presidente da República [Cavaco Silva] queria o papel e foi-lhe dado o papel e por aí se resolveu", explicou.

"Em relação à atual solução política, num quadro em que existe um Governo minoritário do PS, consideramos que foi uma solução que deu resposta a alguns problemas mais urgentes, candentes, que percorriam a sociedade portuguesa - repor rendimentos e direitos, acabar com a política dos cortes e congelamentos -, não respondendo, nem pouco mais ou menos, a problemas estruturantes, ainda assim tem valor e tem mérito, num tempo em que percorria a Europa a chamada política de austeridade em que se fustigava os povos, particularmente nos direitos sociais, em Portugal repunha-se rendimentos e direitos", disse.

Segundo Jerónimo de Sousa, "o PCP, quando avançou com a ideia de que o PS só não forma Governo se não quiser, quis demonstrar que [o PS] estava em condições de governar, mas a sua governação dependeria de diversos fatores" e, "por isso, na posição conjunta, o grau de convergência está limitado no alcance que essa mesma posição define".

"Ficou claro que cada partido mantinha a sua independência de opinião, propostas, ação e intervenção", disse, adiantando que o PS, nas negociações que se seguiram às eleições de outubro de 2015 insistiu para que "ficasse preto no branco" o voto favorável do PCP aos orçamentos do Estado.

"Não houve aqui um compromisso que se confundisse com um acordo parlamentar ou com um Governo das esquerdas, assumindo outra ideia fundamental: o nosso primeiro e principal compromisso é com os trabalhadores e o povo, não é com o Governo do PS. Há quem queira fazer esquecer que sempre que o PS precisou de apoio para medidas negativas encontrou-as no PSD e no CDS", sublinhou.

Jerónimo de Sousa lamenta que "o mesmo PS" que acompanha o PCP "em relação à reposição de salários, direitos, reformas, pensões, manuais escolares, um conjunto de medidas que valorizamos, é o mesmo PS que, depois, contra a corrente das coisas, em questões estruturais, identifica-se com o PSD e quer o apoio do PSD".

"Aqui o problema é que, quanto à relação de forças, o PS tem um papel determinante. Nós propomos a rutura e uma política alternativa, patriótica e de esquerda, mas temos consciência de que a CDU ainda não tem forças para colocar em cima da mesa essa política que defende. A questão é saber se o PS, no essencial, se mantém imóvel, submisso àquilo que são as orientações centrais da União Europeia. Vamos para estas eleições, não com o sentimento de estar a atravessar um pântano porque temos propostas, projeto, aquilo em que trabalhámos, às vezes com grande paciência, mas se o PS persistir nesta linha de aceitação conformista do estado de coisas atual é evidente que não encontramos solução", resumiu.

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