Os brasileiros não votaram em Jair Bolsonaro, os brasileiros votaram em não votar no Partido dos Trabalhadores. Esta é a convicção de André Ventura que considera que o sufrágio brasileiro foi “sobretudo um voto de protesto” de quem está cansado do “domínio que a esquerda impôs sobre uma série de setores”.
Aliás, o ex-social-democrata acredita mesmo que “se se fizesse um referendo à população brasileira, a larga maioria iria responder que não quer a população armada, nem quer acabar com os direitos dos homossexuais”.
“A eleição de Bolsonaro é sinal do cansaço das pessoas em relação à corrupção”, atira.
Nesta senda, André Ventura disse ao Notícias ao Minuto não perceber por que razão o convite e posterior nomeação de Sérgio Moro – juiz que está à frente do processo Lava Jato – para ministro da Justiça gerou tanta polémica, especialmente em Portugal.
“Acho que é algo perfeitamente natural”, diz o político que garante que ele próprio tomaria uma decisão deste género.
“Se eu fosse primeiro-ministro ou se eu chegar a ganhar as eleições farei o convite ao juiz Carlos Alexandre para ser meu ministro da Justiça”, garante Ventura, lembrando que um ministro da Justiça deve ser o “garante do combate à corrupção”.
“Não vejo ninguém melhor em Portugal para exercer essa função do que o juiz Carlos Alexandre que já deu provas à sociedade do seu trabalho, já mostrou não ter medo e ter coragem na tomada de decisões”, atira.
Para o agora ex-vereador da Câmara Municipal de Loures, as críticas que foram feitas em Portugal a Bolsonaro por ter convidado Sérgio Moro, “nascem da pré-conceção que temos de que por ele aceitar o convite mostra que o Lava Jato não foi mais do que um instrumento político”.
“Faço a pergunta: se juiz Carlos Alexandre aceitasse ser ministro da Justiça de um governo de direita isso quereria dizer que a prisão de José Sócrates foi uma cabala política para destruir a esquerda?”, questiona, frisando que um juiz tornar-se ministro não é sinónimo, de maneira nenhuma, de uma “distorção constitucional” até porque, recorda, um juiz pode ser “primeiro-ministro ou Presidente da República”.